Inteligência Epistêmica

Inteligência Epistêmica
Convivendo na MATRIX...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Jâmblico - Teurgia

A palavra Teurgia é grega e provém de theoi, "Deuses," e ergein, "obra", significando não somente "Obra Divina" mas também "Obra de Deus".

Jâmblico provavelmente originário do siríaco ou aramaico ya-mlku, "ele é rei", nasceu em Cálcia / Síria, 245 - Apamea, 325) foi um filósofo neoplatônico assírio que determinou a direção da filosofia neoplatônica tardia e talvez do próprio paganismo ocidental. É mais conhecido por seu compêndio sobre filosofia pitagórica. Nascido em meados do século III, Jâmblico estudou a magia dos caldeus e a filosofia de Pitágoras, Platão, Aristóteles e Plotino. Ao tomar contato com o neoplatonismo, foi para Roma a fim de estudar com Porfírio. Escreveu Vida de Pitágoras (não confundir com o livro homônimo de Porfírio).

Foi um teólogo patrístico helenístico do período pré-nissênico nascido em Cálcis, Celessíria, considerado o fundador da chamada escola neoplatônica síria. Seus dados biográficos são imprecisos e, aparentemente, tomou conhecimento com as doutrinas neopitagórica por influência principal de Nicômano de Gérasa (60-120), talvez em Alexandria, e do peripatetismo com Anatólio de Laodicéia (~ 240-325). Foi discípulo de Porfírio (233-304) o Fenício, e considerado o maior pupilo de Plotino (204-270), o filósofo neoplatônico helenístico, que com sua procura mística de união com o bem, através da inteligência, constituiu-se como ponto de ligação entre a filosofia grega e a sapiência alexandrina. Com sua procura mística de união com o bem, através da inteligência, conseguiu expressar este ponto de ligação entre a filosofia grega e a sapiência alexandrina. Mudando-se para a Síria, deu início à propagação de suas teses e transformou a filosofia mítica de Plotino numa Teurgia ou conjugação mágica de deuses. Fundou e orientou a escola neoplatônica siríaca, com interesse na teologia politeísta e hoje é especialmente famoso por ter praticado especificamente a Teurgia, ou trabalho divino, ou a Magia Sagrada.

Sua obra, segundo consta, seria composta principalmente de dez livros intitulados Resumo das doutrinas pitagóricas. Destes, somente cinco se encontram preservados atualmente. Seus escritos metafísicos estão perdidos, mas suas idéias ficaram conhecidas, preservadas sob forma de citação ou comentário, doxografia, em escritos de diversos autores. Seu livro mais conhecido, Sobre os Mistérios do Egito, escrito em grego, foi uma resposta à carta de Porfírio (233-304) a Amélio (220-290) refutando qualquer teurgia e as práticas de adivinhação da época.

Seu livro foi uma defesa da Teurgia, isto é, da possibilidade da manipulação mágica dos deuses em prol da satisfação de desejos humanos. Além disso, atribui-se a ele as seguintes obras: De mysteriis liber, De chaldaica perfectissima theologia, De descensu animae e De diis. Destas, somente alguns fragmentos sobreviveram até nossos dias. Os eruditos crêem que ele foi um espírita, um médium no sentido popular, porém parece mais fácil justificar que ele opunha-se definidamente a tal prática.

Além deste filósofo, os principais representantes de sua escola foram Déxipo (350), Sopatro de Apaméia e Teodoro de Asine (~ 300), este o mais proeminente e seu discípulo mais conhecido, todos seus discípulos diretos. As principais influências exercidas pelo seu pensamento incidem sobre as teses de Proclo Diádoco (412-485) e de Juliano, o Apóstata (331-363), em sua tentativa de reviver o paganismo. Em resumo, lecionou em Apaméia e diz-se que sucedeu à Porfírio na escola neoplatônica, e a transportou para Pérgamo e depois para Alexandria, sendo o local de sua morte incerto.

Tomás de Aquino (são)

Tomás de Aquino (são), nasceu em Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7mar1274, foi um padre dominicano, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica. Tomás nasceu em Aquino por volta de 1225, de acordo com alguns autores no castelo do pai Conde Landulf de Aquino, localizado em Roccasecca, no mesmo Condado de Aquino (Reino da Sicília, no atual Lácio). Por meio de sua mãe, a condessa Teodora de Theate, Tomás era ligado à dinastia Hohenstaufen do Sacro Império Romano-Germânico. O irmão de Landulf, Sinibald, era abade da original abadia beneditina em Monte Cassino. Enquanto os demais filhos da família seguiram uma carreira militar, a família pretendida que Tomás seguisse seu tio na abadia; isto teria sido um caminho normal para a carreira do filho mais novo de uma família da nobreza sulista italiana.

Aos cinco anos, Tomás começou sua instrução inicial em Monte Cassino, mas depois que o conflito militar que ocorreu entre o imperador Frederico II e o papa Gregório IX na abadia no início de 1239, Landulf e Teodora matricularam Tomás na studium generale (universidade) criada recentemente por Frederico II em Nápoles. Foi lá que Tomás provavelmente foi introduzido nas obras de Aristóteles, Averróis e Maimônides, todos que influenciariam sua filosofia teológica. Foi igualmente durante seus estudos em Nápoles que Tomás sofreu a influência de João de São Juliano, um pregador dominicano em Nápoles que fazia parte do esforço ativo intentado pela ordem dominicana para recrutar seguidores devotos. Nesta época seu professor de aritmética, geometria, astronomia e música era Pedro de Ibérnia. Aos 19 anos, contra a vontade da família, entrou na ordem fundada por Domingos de Gusmão. Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou teologia em Colônia e em Paris se tornou discípulo de Santo Alberto Magno que o "descobriu" e se impressionou com a sua inteligência. Por este tempo foi apelidado de "boi mudo". Dele disse Santo Alberto Magno: "Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido." Foi mestre na Universidade de Paris no reinado de Luís IX de França. Morreu, com 49 anos, na Abadia de Fossanova, quando se dirigia para Lião a fim de participar do Concílio de Lião, a pedido do Papa. Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas "duas summae", sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:

Primeira via
Primeiro motor imóvel: tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido.

Segunda via
Causa primeira: decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita.

Terceira via
Ser necessário: existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.

Quarta via
Ser perfeito: verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a causa da perfeição dos demais seres.

Quinta via
Inteligência ordenadora: existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada.

"A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência". Tomás de Aquino concluiu que a descoberta da verdade ia além do que é visível. Antigos filósofos acreditavam que era verdade somente o que poderia ser visto. Aquino já questiona que a verdade era todas as coisas porque todas são reais, visíveis ou invisíveis, exemplificando: uma pedra que está no fundo do oceano não deixa de ser uma pedra real e verdadeira só porque não pode ser vista. Aquino concorda e aprimora Agostinho de Hipona quando diz que "A verdade é o meio pelo qual se manifesta aquilo que é". A verdade está nas coisas e no intelecto e ambas convergem junto com o ser. O "não-ser" não pode ser verdade até o intelecto o tornar conhecida, ou seja, isso é apreendido através da razão". Aquino chega a conclusão que só se pode conhecer a verdade se você conhece o que é o ser.

A verdade é uma virtude como diz Aristóteles, porém o bem é posterior a verdade. Isso porque a verdade está mais próximo do ser, mais intimamente e o que o sujeito ser do bem depende do intelecto, "racionalmente a verdade é anterior". Exemplificando: o intelecto apreende o ser em si; depois, a definição do ser, por último a apetência do ser. Ou seja, primeiramente a noção do ser; depois, a construção da verdade, por fim, o bem.

Sobre a eternidade da verdade ele, Tomás, discorda em partes com Agostinho. Para Agostinho a verdade é definitiva. Imutável. Já para Aquino, a verdade é a consequência de fatos causados no passado. Então na supressão desses fatos à verdade deixa de existir. O exemplo que Tomás de Aquino traz é o seguinte: A frase "Sócrates está sentado" é a verdade. Seja por uma matéria, uma observação ou analise, mas ele está sentado. Ao se levantar, ficando de pé, ele deixa de estar sentado. Alterando a verdade para a segunda opção, mudando a primeira. Contudo, ambos concordam que na verdade divina a verdade por não ter sido criada, já que Deus sempre existiu, não pode ser desfeita no passado e então é imutável.

Segundo Tomás de Aquino, a ética consiste em agir de acordo com a natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal.

Há uma Lei Divina, revelada por Deus aos homens, que consiste nos Dez Mandamentos. Há uma Lei Eterna, que é o plano racional de Deus que ordena todo o universo e uma Lei Natural, que é conceituada como a participação da Lei Eterna na criatura racional, ou seja, aquilo que o homem é levado a fazer pela sua natureza racional.

A Lei Positiva é a lei feita pelo homem, de modo a possibilitar uma vida em sociedade. Esta subordina-se à Lei Natural, não podendo contrariá-la sob pena de se tornar uma lei injusta; não há a obrigação de obedecer à lei injusta (este é o fundamento objetivo e racional da verdadeira objecção de consciência).

A Justiça consiste na disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu - suum cuique tribuere - e classifica-se como comutativa, distributiva e legal, conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com aquele, respectivamente.

Partindo de um conceito aristotélico, Aquino desenvolveu uma concepção hilemórfica do ser humano, definindo o ser humano como uma unidade formada por dois elementos distintos: a matéria primeira (potencialidade) e a forma substancial (o princípio realizador). Esses dois princípios se unem na realidade do corpo e da alma no ser humano. Ninguém pode existir na ausência desses dois elementos. A concepção hilemórfica é coerente com a crença segundo a qual Jesus Cristo, como salvador de toda a humanidade, é ao mesmo tempo plenamente humano e plenamente divino. Seu poder salvador está diretamente relacionado com a unidade, no homem ou na mulher, do corpo e da alma. Para Aquino, o conceito hilemórfico do homem implica a hominização posterior, que ele professava firmemente. Uma vez que corpo e alma se unem para formar um ser humano, não pode existir alma humana em corpo que ainda não é plenamente humano.

O feto em desenvolvimento não tem a forma substancial da pessoa humana. Tomás de Aquino aceitou a ideia aristotélica de que primeiro o feto é dotado de uma alma vegetativa, depois, de uma alma animal, em seguida, quando o corpo já se desenvolveu, de uma alma racional. Cada uma dessas "almas" é integrada à alma que a sucede até que ocorra, enfim, a união definitiva alma-corpo.

Conforme as próprias palavras de Aquino:
"Anima igitur vegetabilis, quae primo inest, cum embryo vivit vita plantae, corrumpitur, et succedit anima perfectior, quae est nutritiva et sensitiva simul, et tunc embryo vivit vita animalis; hac autem corrupta, succedit anima rationalis ab extrinseco immissa (…) cum anima uniatur corpori ut forma, non unitur nisi corpori cuius est proprie actus. Est autem anima actus corporis organici". Em inglês: "The vegetative soul therefore, which is first in the embryo, while it lives the life of a plant, is destroyed, and there succeeds a more perfect soul, which is at one nutrient and sentient, and for that time the embryo lives the life of an animal: upon the destruction of this, there succeeds the rational soul, infused from without (…) For since the soul is united with the body as a form, it is only united with that body of which it is properly the actualisation. Now the soul is the actualisation of an organised body".

Em português: "A alma vegetativa, que vem primeiro, quando o embrião vive como uma planta, corrompe-se e é sucedida por uma alma mais perfeita, que é ao mesmo tempo nutritiva e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal; quando ela se corrompe, é sucedida pela alma racional induzida do exterior (…) Já que a alma se une ao corpo como sua forma, ela não se une a um corpo que não seja aquele do qual ela é propriamente o ato. A alma é agora o ato de um corpo orgânico".

Cronologia
1225 - Tomás de Aquino nasce no castelo de Roccasecca.
1226 - Morte de Francisco de Assis.
1230 - Tomás inicia seus estudos na Abadia de Montecassino.
1240 - Alberto magno começa a ensinar em Paris e a comentar Aristóteles.
1241 - Morte do papa Gregório IX
1244 - Fundação da Universidade de Roma. Tomás entra para a Ordem dos Dominicanos.
1245 - Estuda em Paris até 1248, sob a orientação de Alberto Magno.
1248 - Alberto Magno funda, em Colônia, uma faculdade de teologia. Tomás continua seus estudos em Colônia até 1259.
1252 - Leciona em Paris até 1259.
1257 - Robert de Sorbon funda um colégio na Universidade de Paris.
1259 - Escreve o Comentário sobre as sentenças e a Suma contra os gentios. Leciona na Itália, até 1268, em Agnani, Orvieto, Roma e Viterbo.
1261 - Início do pontificado de Urbano IV.
1265 - Clemente IV ascende ao trono papal. Nasce Dante Alighieri. Tomás redige a Suma Teológica, até 1273.
1266 - (?) Nasce Duns Scot.
1268 - Morte de Clemente IV. Interregno pontifical.
1269 - Ensina em Paris até 1272.
1271 - Eleição de Gregório X.
1274 - Tomás falece a 7 de março, em Fossanova.
1323 - É canonizado pelo papa João XXII.

Maniqueísmo - Mani ou Manés

Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.

Quando o gnosticismo primitivo já perdia a sua influência no mundo greco-romano, surgiu na Babilônia e na Pérsia, no século III, uma nova vertente, o maniqueísmo. O seu fundador foi o profeta persa Mani (ou Manés) e as suas ideias sincretizavam elementos do Zoroastrismo, do Hinduísmo, do Budismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Desse modo, Mani considerava Zoroastro, Buda e Jesus como "pais da Justiça", e pretendia, através de uma revelação divina, purificar e superar as mensagens individuais de cada um deles, anunciando uma verdade completa.

Conforme as suas ideias, a fusão dos dois elementos primordiais, o reino da luz e o reino das trevas, teria originado o mundo material, essencialmente mau. Para redimir os homens de sua existência imperfeita, os "pais da Justiça" haviam vindo à Terra, mas como a mensagem deles havia sido corrompida, Mani viera a fim de completar a missão deles, como o Paráclito prometido por Cristo, e trouxera segredos para a purificação da luz, apenas destinados aos eleitos que praticassem uma rigorosa vida ascética. Os impuros, no máximo podiam vir a ser catecúmenos e ouvintes, obrigados apenas à observância dos dez mandamentos. As ideias maniqueístas espalharam-se desde as fronteiras com a China até ao Norte d'África. Mani acabou crucificado no final do século III, e os seus adeptos sofreram perseguições na Babilónia e no Império Romano, neste último nomeadamente sob o governo do Imperador Diocleciano e, posteriormente, os imperadores cristãos. Apesar da igreja ter condenado esta doutrina como herética em diversos sínodos desde o século IV, ela permaneceu viva até à Idade Média.

Gnosticismo (Gnóstico) - Gnose ou Gnosis

Gnosticismo - (do grego Γνωστικισμóς (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): 'conhecimento') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos de nossa era, vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos. De fato, pode falar-se em um gnosticismo pagão e em um gnosticismo cristão, ainda que o pensamento gnóstico mais significativo tenha sido alcançado como uma vertente heterodoxa do cristianismo primitivo.

Alguns autores fazem uma distinção entre "Gnosis" e "gnosticismo". A gnose é, sem dúvida, uma experiência baseada não em conceitos e preceitos, mas na sensibilidade do coração. Gnosticismo, por outro lado, é a visão de mundo baseada na experiência de Gnose, que tem por origem etimológica o termo grego gnosis, que significa "conhecimento". Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico (a "episteme" dos gregos), mas de caráter intuitivo e transcendental; Sabedoria. É usada para designar um conhecimento profundo e superior do mundo e do homem, que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua essência eterna, centelha divina, maravilhosa e crística, pela via do coração. É uma realidade vivente sempre ativa, que apenas é compreendida quando experimentada e vivenciada. Assim sendo jamais pode ser assimilada de forma abstrata, intelectual e discursiva. O movimento originou-se provavelmente na Ásia Menor, difundindo-se da região do Irã à Gália, exercendo a sua maior influência sobre o cristianismo entre os anos de 135 e 200. Tem como base elementos das filosofias pagãs que floresciam na Babilônia, Antigo Egito, Síria e Grécia Antiga, combinando elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas como os do Elêusis, do Zoroastrismo, do Hermetismo, do Sufismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Num texto hermético lê-se que a gnosis da Mente é a "visão das coisas divinas". G.R.S.Mead acrescenta que "Gnosis não é conhecimento sobre alguma coisa, mas comunhão, conhecimento de Deus". Este é o grande objetivo, conhecer "Deus", a Realidade em nós. Não é a crença, a fé ou o simples conhecimento o que importa. O fundamental é a comunhão interior, o religar da Mente individual com a Mente universal, a capacidade do homem "transcender os limites da dualidade que faz dele homem e tornar-se uma consciência divina". A posse da Gnosis significa a habilidade para receber e compreender a revelação. O verdadeiro Gnóstico é aquele que conhece a revelação interior ou oculta desvelada e que também compreende a revelação exterior ou pública velada. Ele não é alguém que descobriu a verdade a seu respeito por meio de sua própria desamparada reflexão, mas alguém para quem as manifestações do mundo interior são mostradas e tornaram-se inteligíveis. O início da Perfeição é a Gnosis do Homem, porém a Gnosis de Deus é a Perfeição aperfeiçoada. "Aperfeiçoamento" é um termo técnico para o desenvolvimento na Gnosis, sendo o Gnóstico realizado conhecido como o "perfeito", "parfait". A entrada na senda da Gnosis é chamada 'voltar para casa'. Como vimos, é um retorno, um virar as costas ao mundo, um arrependimento de toda natureza: "Devemos nos voltar para o velho, velho caminho".

"Somente o batismo não liberta mas sim, a gnosis, o conhecimento interior de quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, para onde vamos. O que é nascimento, o que é renascimento". "Gnosis sobre quem éramos e no que nos tornamos; onde estávamos e onde viemos parar; para onde nos dirigimos e onde somos redimidos; o que é a geração, e o que é a regeneração". (Extratos de Theodotus)

Ingressar na Gnosis é um despertar do sono e da ignorância de Deus, da embriaguez do mundo para a temperança virtuosa. "Pois o mal [ilusão] do não conhecimento está inundando toda a terra e trazendo total ruína à alma aprisionada dentro do corpo, impedindo-a de navegar para os portos da salvação."

Gnose (ou Gnosis) é substantivo do verbo gignósko, que significa conhecer. Para os Gnósticos, Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. No grego clássico e no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme.

Em filosofia, epistéme significa "conhecimento científico" em oposição a "opinião", enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a "ignorância", chamada de ágnoia.

Para os Gnósticos a gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado, porque permite o encontro do homem com sua Essência Eterna. O objeto do conhecimento da Gnose seria Deus, ou tudo o que deriva d'Ele. Para seus seguidores, toda Gnose parte da aceitação firme na existência de um Deus absolutamente transcendente, existência que não necessita ser demonstrada. "Conhecer" significa ser e atuar (na medida do possível ao ser humano), no âmbito do divino.

O termo "Gnose" acabou designando, nos tempos atuais, um conjunto de tradições que acreditam no aspecto espiritual do Universo e na possibilidade de salvação por um conhecimento secreto. Podemos encontrara a mesma "Gnosis", como corrente de pensamento místico, em toda as grande religiões e culturas: na cultura Indiana há encontramos com o nome de Jñana (ou Gñana), no Islamismo a encontramos dentro Sufismo com o nome de Marifa, e no Judaísmo Cabalístico com o nome de Daath. Mais foi nos três primeiros Séculos do cristianismo que ela teve seu apogeu, sendo "a primeira forma de manifestação do um pensamento filosófico e teológico cristão, o chamado gnosticismo cristão.

Existem várias ramificações Gnósticas, que recebem os nomes de seus idealizadores
O ramo de Jules Doinel
O ramo de Jean Bricaud;
O ramo de Aleister Crowley
O ramo de Arnold Krum Heller
O ramo de Samael Aun Weor
O ramo Lucien Jean Maine

Algumas destas Escolas baseiam-se nas culturas pré-cristãs, com forte influência oriental. Outras revelam influências judaico-cristã-islâmicas. Há também uma escola que se baseia nos ensinamentos de Carl Gustav Jung, dando ênfase na interpretação das reações psicológicas do homem e sua relação com o universo. Nesse ramo não existe clero nem sistema de graus, sendo uma metodologia de trabalho interior.

Entrevista com a historiadora da USP Marilia Fiorello sobre seu livro relativo ao gnosticismo desde os primórdios do cristianismo - Um prefácio de Leonardo Boff ao final da parte 3/3.

Acadêmicos que estudaram profundamente o tema do qual sugiro o classico: "Evangelhos Gnósticos" de Elaine Pagels, destaco também os textos gnosticos originais achados em Nag Hammadi em 1948, do qual destaco a jóia: "Evangelho de Tomé".

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Priscilianismo (vídeo: El Camino de Santiago)

Prisciliano de Ávila, nascido Gallaecia, circa 340 – Treveris, atual Trier em 385 foi um bispo herege hispânico da cidade de Ávila (ou em latim: Abila), fundador do priscilianismo. Foi, junto a outros companheiros, o primeiro herege justiçado pela Igreja Católica através de uma instituição civil.

Prisciliano ensinou que os nomes dos Patriarcas correspondem às partes da alma, e de jeito paralelo, os signos do Zodíaco correspondem-se com partes do corpo. Cita de Orósio, na sua Communitorium de errore Priscillianistarum et Origenistarum.

Acredita-se que nasceu na Hispânia ocidental, provavelmente na província romana da Gallaecia, no contorno de uma família senatorial. Por volta de 370 viaja a Burdigala (Bordéus) para se formar com o retórico Delphidius. Nos arredores desta cidade funda uma comunidade de tendência rigorista junto ao seu mentor e a mulher deste, Eucrócia. É reconhecida uma relação com a filha de ambos, Prócula, embora São Jerônimo faz menção a uma mulher chamada Gala como seu casal oficial. Seu principal adversário, Itácio de Ossonoba (atual Faro), atribui seus conhecimentos de astronomia e magia a um tal Marco de Memphis, porém este nome parece remitir a um mago alexandrino do século I citado por Santo Ireneu no seu Adversus haereses. Por volta de 379, durante o consulado de Ausônio e de Olybrio, volta ao Noroeste peninsular e começa seu período predicante. As suas idéias obtiveram grande sucesso, em especial entre as mulheres e as classes populares, pela sua recusa à união da Igreja com o Estado imperial e à corrupção e enriquecimento das hierarquias. Frente da rápida extensão dos seus ensinos, Higínio de Córdova, o sucessor de Ósio de Córdoba, envia uma carta informando da situação ao bispo da sede metropolitana de Emerita Augusta (capital da Dioecesis Hispaniarum), Hidácio.

Estes dois bispos, junto a Itácio de Ossonoba, convocam o Concílio de Caesaraugusta (atual Saragoça) em 380 (outras fontes situam-no uns anos antes, em 378), com o fim de condenar as idéias priscilianistas. A este sínodo acudiram dois bispos aquitanos e dez hispânicos, o que parece indicar uma forte e rápida expansão do movimento ascético iniciado por Prisciliano, mas a ausência dos dois principais bispos acusados de priscilianistas, Instáncio e Salviano, evita a condenação em firme. As atas dizem que o bispo de Astorga, Simpósio (pai de Dictinio, quem anos depois ocupará essa sede) abandonou o Concílio o segundo dia. Este prelado ocupará anos depois um lugar relevante entre os discípulos do herege galaico. O bispo Valério, anfitrião do sínodo, recolhe as recomendações de Dámaso, bispo de Roma, de evitar a condenação in absentia. Pouco depois esses dois bispos (Instáncio e Salviano) elevarão Prisciliano à sede vacante de Abula (Ávila). Numa tentativa de acercar posturas, Instáncio e Salviano viajam a Emerita Augusta (Mérida) para se entrevistar com Hidácio, mas vêem-se obrigados a fugir de uma turba de exaltados arengada pelo bispo metropolitano. Houve então um nutrido cruzamento de acusações epistolares entre priscilianistas e ortodoxos. É preciso levar em conta que a extensão dos ensinos de Prisciliano ocorre em todos os estratos sociais, incluindo muitas famílias influentes de quase todas as províncias hispânicas. Finalmente, uma carta enviada por Hidácio a Ambrósio, bispo de Mediolanum (Milão), onde se encontra a corte imperial, convence este para obter um rescrito do imperador Graciano excomungando e banimento das suas sedes a Prisciliano e seus seguidores.

Corre o ano de 382 e Prisciliano decide viajar a Roma para se defender, mas o bispo de Roma, Dámaso (em plena pugna por obter a primacia da sede romana e convertir-se, assim, no primeiro Papa "oficial"), bem como de família oriunda de Hispânia, recusa recebê-los por não se considerar competente para anular um rescrito do imperador. Finalmente viajam a Milão, e aproveitam a ausência de Graciano para convencer seu magister officiorum de que anule o anterior decreto imperial. Assim regressa para a Hispânia, reafirmando a situação do seu grupo e conseguindo, de passagem, que Itácio seja acusado de perturbador da Igreja. O procônsul Volvéncio ordena a detenção do bispo antipriscilianista e este vê-se obrigado a fugir para Civitas Treverorum (Tréveris), sob o amparo do bispo Britto.

Em 383 o também hispânico Magnus Maximus, governador da Britannia, cruza para a Gália no comando de 130 mil soldados fazendo fugir a Graciano, a quem finalmente assassina numa emboscada nas florestas de Lugdunum (Lyon). As suas legiões nomeiam-no novo imperator de Ocidente, mas esta nomeação não é vista com bons olhos por Teodósio, imperador dos territórios Orientais. Esta situação delicada faz buscar apoios na Igreja Católica, à sua vez precisada de amparo institucional para se enfrentar aos numerosos movimentos dissidentes que a assediam (arianos, rigoristas, ebionitas, patripassianos, novacianos, nicolaítas, ofitas, maniqueus, homuncionitas, catáfrigos, borboritas, ou os próprios priscilianistas).

Nesse matrimônio de conveniência enquadra-se o desenvolvimento posterior dos acontecimentos: a Igreja oficial enfrenta-se com um movimento popular muito estendido por toda a península Ibérica e boa parte das Gálias, e Máximo deseja oferecer uma mão tendida em forma de condenação oficial ao priscilianismo. Porém, a aplicação de uma sentença por heresia implica a confiscação por parte do Estado de todos os templos da seita, o que não interessa à hierarquia eclesiástica nem serve aos interesses do imperador. Assim é concebido um processo judiciário ad hoc que visa condenar os bispos hispânicos por maleficium (bruxaria). Esta sentença, mais favorável às arcas do novo imperador, inclui o confisco de todas as propriedades pessoais dos acusados, os quais pertenciam a pudentes famílias hispânicas, sem afetar o patrimônio eclesiástico. É convocado, então, um novo concílio em Bordéus ao qual decidem acudir Prisciliano e vários dos seus seguidores, e no qual a heresia priscilianista é condenada de novo, mas somente obtém de fato a deposição de Instáncio da sua sede. Durante a celebração deste conclave uma multidão alheada lapida Urbica, uma discípula de Prisciliano. Este abandona o conclave e dirige-se a Norte, a Tréveris, na Germânia Superior, onde Máximo estabeleceu sua corte, para convencer o imperador de que tercie em favor do seu grupo, sem saber que ali Itácio de Ossonoba já teceu a rede que acabará com a sua vida.

Em 385 Prisciliano chega a Tréveris, onde é acusado, através de Evódio, prefeito do imperador, da prática de rituais mágicos que incluem danças noturnas, o uso de ervas abortivas e a prática da astrologia cabalística. Após obter mediante tortura uma confissão do mesmo Prisciliano, estabelecendo assim os precedentes da Inquisição (antecessora da atual Congregação para a Doutrina da Fé), é decapitado junto aos seus seguidores Felicíssimo, Armênio, Eucrócia (a viúva de Delphidius), Latroniano, Aurélio e Asarino. Todos eles se tornam os primeiros hereges justiçados pela Igreja Católica através de uma instituição civil (secular).

Algumas obras de Prisciliano foram consideradas ortodoxas e não foram queimadas. Como exemplo, ele dividiu as epístolas paulinas (incluindo a Epístola aos Hebreus) numa série de textos sobre seus pontos teológicos e escreveu uma introdução para cada um. Estes cânones sobreviveram numa forma editada por Peregrinus. Eles contêm um forte apelo a uma vida pessoal de ascetismo e pureza, incluindo o celibato e a abstinência de carne e de vinho, reafirma os dons carismáticos de todos os crentes e obriga ao estudo das escrituras. Prisciliano também atribuiu considerável peso nos livros apócrifos, não como sendo inspirados, mas como úteis para distinguir a verdade do erro. Há muito se acreditava que todas as obras de Prisciliano tinham perecido até, em 1885, Georg Schepss descobrir na Baviera, na Biblioteca da Universidade de Würzburg um manuscrito no qual encontra onze tratados. O Diretor da biblioteca, Doellinger, sugere a autoria de Prisciliano, que finalmente confirma, e os tratados publicam-se em 1889. Os títulos desses onze tratados são: Liber Apollogeticus, de caráter doutrinal e no qual defende sua ortodoxia; Liber ad Damasum, escrito ao bispo de Roma, Dámaso, e similar ao anterior; Liber de fide et Apocryphis , no qual defende a leitura de textos apócrifos; Tratatus Paschae; Tratatus Genesis; Tratatus Exodi; Tratatus primi Psalmi; Tratatus tertii Psalmi; Tratatus ad populum I (incompleto) e II e Benedictio super fidelis. Também se revela que é Prisciliano, e não Jerónimo, como se acreditava, o autor dos Canones in Pauli apostoli epistolas, presentes em muitas bíblias européias. Os seus tratados e cânones publicaram-se na Espanha em 1975. Já em 1882, Marcelino Menéndez Pelayo publicara alguns de eles na História dos heterodoxos espanhóis.
De acordo com a introdução de Raymond Brown na sua "Epístola de João", a origem da Comma Johanneum, uma breve interpolação na Primeira Epístola de João conhecida desde o século IV dC parece ter sido a obra em latim Liber Apologeticus de Prisciliano
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Joaquinismo e os CONCÍLIOS de Arles (vídeo: Cavaleiros Templários)

Joaquim de Fiore (c. 1132 — 1202), também conhecido por Gioacchino da Fiore, Joaquim de Fiori, Joaquim, abade de Fiore ou Joaquim de Flora, foi um abade cisterciense e filósofo místico, defensor do milenarismo e do advento da idade do Espírito Santo.

Joaquim de Fiore nasceu em Celico, província de Cosenza, Calábria, Itália, por volta de 1132 e faleceu a 30 de Março de 1202, Sábado de Aleluia daquele ano, na pequena abadia de San Martino di Canale, Calábria, sendo trasladado para a abadia florense de San Giovanni in Fiore.
Joaquim foi filho de Maurus de Celico (também apelidado de Tabellione, provavelmente pelas funções que exercia), um notário ao serviço dos reis normandos da Sicília, tendo crescido na corte. Em peregrinação à Terra Santa, Joaquim aprofundou a sua fé, entregando-se a um intenso misticismo, aparentemente em resultado de ter presenciado um grande calamidade, talvez um epidemia de peste. Passou então a Quaresma desse ano em contemplação no Monte Tabor, onde se diz ter recebido em visão a inspiração divina que terá guiado o resto da sua vida. Regressado à Itália, provavelmente em 1159, retirou-se para a abadia cisterciense de Sambucina, dedicando-se à pregação, escusando-se contudo de tomar o hábito religioso ou a ordenação. Provavelmente em 1168, face à oposição das autoridades eclesiásticas a este procedimento, tomou o hábito beneditino de Cister na abadia de Corazzo e foi ordenado presbítero. Após a ordenação, passou a dedicar-se inteiramente ao estudo da Bíblia, procurando o significado mais profundo das Sagradas Escrituras. Alguns anos mais tarde, tendo ganho fama de virtuoso e sábio, foi eleito abade, embora contra a sua vontade. Sentindo que as funções e deveres de abade eram um empecilho aos seus estudos bíblicos, que ele considerava serem a missão da sua vida, pediu escusa ao papa Lúcio III, o qual em 1182 o desonerou do governo temporal da abadia e entusiasticamente aprovou o seu trabalho, encorajando-o a prossegui-los na abadia da sua escolha. Passou os anos seguintes na abadia de Casamari, trabalhando afanosamente nos seus livros, secretariado por Luca Campano, um jovem monge que viria a ser arcebispo de Cosenza, o qual deixou como testemunho a sua admiração pela humildade e desapego de Fiore pelas coisas terrenas e pela devoção com que pregava e celebrava a missa.

A aprovação papal para os seus estudos foi confirmada por Urbano III (1185) e por Clemente III (1187), tendo este exortado Fiore a completar o seu trabalho e a submetê-lo à aprovação eclesiástica. Sempre embrenhado no seu labor, Fiore retirou-se para o eremitério de Pietralata, acabando depois por fundar a abadia de Fiore (ou de Flora) nas montanhas da Calábria. A nova abadia tornou-se, ainda em vida do seu fundador e com a aprovação (dada em 1198) do papa Celestino III, o centro de uma nova ordem independente, embora baseada nos princípios beneditinos da Ordem de Cister, mas mais rigorosa e mais mística, designada por Florenses em homenagem ao seu fundador.

No ano de 1200, Joaquim de Fiore submeteu publicamente os seus escritos ao exame do papa Inocêncio III, mas faleceu no Sábado Santo desse ano, antes de ser proferido o julgamento eclesiástico. Teve de imediato fama de santo e diz-se que foram concedidos milagres por sua intercessão. Apesar de nunca ter sido formalmente beatificado, é venerado como beato.
Apesar de ter ganho ainda em vida fama de profeta, Joaquim de Fiore sempre rejeitou ter tal dom. Mas mesmo contemporâneos esclarecidos, concordavam como a opinião geral, considerando-o como iluminado com o espírito profético. Dante Alighieri na sua Divina Comédia, referindo o espírito profético, coloca Joaquim de Fiore no Paraíso, dizendo no canto XII.º: (...) e lucemi da lato/il calavrese abate Giovacchino/ Di spirito profetico dotato(...).

O tema das obras mais importantes de Joaquim de Fiore (Liber Concordiae Novi ac Veteris Testamenti, Expositio in Apocalipsim e Psalterium Decem Chordarum) é a interpretação da visão profética das Sagradas Escrituras no contexto da História e a previsão do futuro da Igreja enquanto comunidade mística. Nessas obras Fiore funda o seu pensamento, depois traduzido na doutrina da Eterna Revelação ou do Evangelho Eterno, conforme à sua leitura do texto do Apocalipse. Nessa interpretação do texto sagrado existiriam três estádios, ou Idades da História, no desenvolvimento do Mundo e da Igreja de Deus, correspondentes às três Pessoas da Santíssima Trindade.

A Primeira Idade, correspondeu ao governo de Deus Pai, e é representada pelo poder absoluto, inspirador do temor sagrado que perpassa o Velho Testamento. Correspondeu ao tempo anterior à revelação de Jesus Cristo.

A Segunda Idade inicia-se pela revelação do Novo Testamento e pela fundação da Igreja de Cristo, em que, através de Deus Filho, a sabedoria divina que tinha permanecido escondida da humanidade se revela. Correspondeu à contemporaneidade de Joaquim de Fiore (e segundo os joaquimitas à nossa).

A Terceira Idade, que há-de vir, corresponde ao domínio da Terceira Pessoa. Será o advento do Império do Divino Espírito Santo, um tempo novo onde o amor universal e a igualdade entre todos os membros do Corpo Místico de Deus, isto é entre os cristãos, serão alcançados. No Império do Divino Espírito Santo, as leis evangélicas serão finalmente realizadas, não só na sua letra mas no seu espírito, isto é a mensagem que nelas está escondida será finalmente compreendida e aceite pela humanidade. Na Terceira Idade não haverá necessidade de instituições disciplinadoras da fé, já que esta será universal e baseada directamente na inspiração divina, pelo que poderão ser dispensadas as estruturas institucionais do poder temporal da Igreja. Qualquer plebeu será Imperador, já que a sabedoria divina a todos iluminará igualmente. Na Terceira Idade, a idade da graça redentora, não haverá necessidade de leis ou instituições disciplinadoras da fé, já que esta será universal e baseada directamente na inspiração divina, pelo que poderão ser dispensadas as estruturas institucionais do poder temporal da Igreja. Qualquer plebeu será Imperador, já que a sabedoria divina a todos iluminará igualmente, ou seja todos benficiarão de uma "inteligência espiritual" capaz de permitir a plena compreensão dos divinos mistérios.
Joaquim de Fiore acreditava que a Segunda Idade estava no seu fim e que o advento do Império do Espírito Santo estava próximo. O fim da Segunda Idade, a ser marcado por um cataclismo, era já prenunciado pela desordem então patente no mundo. Após essa transição dolorosa, a unidade cristã seria alcançada (com a união entre as igrejas cristãs do ocidente e oriente e o fim dos cismas) e os judeus veriam a verdade do Novo Testamento. O Império do Divino Espírito Santo seria a apoteose da História, durando até ao fim dos tempos, apenas terminado com a glória da segunda vinda do Redentor.

O desejo de encontrar um fio condutor para a história, capaz de manter viva a esperança na existência de um plano redentor (já patente no pensamento de São Bento, o fundador da tradição beneditina a que pertenciam os cistercienses), que está subjacente ao pensamento de Joaquim de Fiore encontrou de imediato grande aceitação. De fato vivia-se um tempo conturbado, pleno de eventos que abalavam a cristandade e que, por isso, não podiam deixar de suscitar a necessidade de os conciliar com o plano divino, contrapondo a mudança à ordem e a estabilidade à contingência. Era necessário acomodar na visão cristã a desordem patente no mundo: o crescimento do Islão, as cruzadas, os cismas eclesiásticos, as guerras entre o Império e o Papado. Era necessário enfrentar acontecimentos cujo sentido não estava dado, mas que, à luz da crença cristã da existência de uma Providência, não podiam escapar à ordem divina. Nesse contexto era imperiosa a busca do conhecimento da estrutura secreta do tempo e de seu sentido. Foi nesse contexto que o pensamento de Fiore, com a sua interpretação apocalíptica e escatológica da História, profético e milenarista, pareceu de imediato dar resposta às grandes inquietações da época. Afirmar-se que a obra do tempo é operação da Santíssima Trindade e que a unidade das Três Pessoas garante a ordem imutável, enquanto a diferença entre as operações de cada uma delas explica a variação temporal, é garantir-se que afinal a Providência não abandonou o mundo e que os acontecimentos, por mais inesperados que sejam, são afinal parte de um plano divino que visa a salvação. Com isso, a Encarnação deixa de ser o término da história para se tornar seu centro, o que significa que há lugar para o avanço da História antes do Juízo Final. Esse avanço da História faz-se num tempo duplamente facetado: é o do aumento da desordem e dos males, porque tempo do Anticristo, mas é também o do aumento da perfeição e da graça, sob a acção do Espírito Santo, como profetizou Daniel. Foi a partir do pensamento de Joaquim de Fiore que pôde ser construída a imagem da apoteose terrena dos Mil Anos e a ideia de que a história é a operação da Trindade no tempo, no qual uma última e decisiva revelação, a iluminação generalizada do espírito, está reservada para o tempo do Império do Divino Espírito Santo em que a plenitude do tempo coincidirá com a plenitude do Espírito ou do saber. Assim, com Fiore e os seus seguidores, podemos falar numa filosofia da história, isto é, no tempo estruturado e escandido em três tempos progressivos rumo à apoteose. Essa filosofia da história assenta numa concepção trinitária, progressiva e orgânica da história como desenvolvimento do plano divino para a salvação da humanidade: é trinitária pois a história é obra do Espírito através do Pai e do Filho, até a revelação final do Divino Espírito Santo; é progressiva pois a história é o desenvolvimento temporal do aumento do saber, cuja plenitude coincide com o tempo do fim, quando será aberto o livro dos segredos do mundo; e orgânica pois a estrutura do tempo, simbolizada pela Árvore de Jessé, garante que o tempo não é um ciclo perpétuo de tribulações e de afastamento do absoluto, mas um arbusto florescente onde frutifica a semente divina da verdade.
No centro da herança joaquimita, encontra-se pois a a ideia de que haverá ainda uma fase final da História, um tempo abençoado ainda por vir. O apogeu da história será sinalizado pelo aumento da espiritualidade no mundo, um tempo do intelecto e da ciência. A partir desta herança, que se fundiria com as Sibilinas Cristãs e onde as alegorias bíblicas serviriam como fonte para compreender e prever o desenrolar da história, ultrapassando os meros fins morais e religiosos, o joaquimismo afirma-se como possuidor de três elementos que possibilitaram sua utilização pelos milenaristas mais radicais: o refortalecimento dos temas apocalípticos, a ideia de que a Igreja clerical seria substituída por um corpo místico contemplativo e essencialmente igualitário e a de que os menos favorecidos reinariam no mundo, dando expressão temporal ao Império do Divino Espírito Santo.

Nota-se que foram os franciscanos os principais responsáveis pela difusão do joaquimismo na Idade Média, sendo que muitos esperavam a ressurreição de São Francisco como o prelúdio da nova era. É a partir deste momento que se podem identificar claramente os traços messiânicos junto aos ideais milenaristas, incorporando parcialmente o messianismo judaico, já que ao contrário do reino nos céus que defende a Igreja Romana, a crença dos judeus aponta para um império terrestre.

Em Portugal, onde os franciscanos tiveram influência relevante, as ideias de Joaquim de Fiore estão subjacentes ao lançamento do culto do Espírito Santo, aparentemente com a rainha Santa Isabel, fundindo-se depois no sebastianismo e na crença no advento do Quinto Império bem patente na obra do Padre António Vieira. Apesar de algumas das doutrinas de Fiore sobre a Santíssima Trindade terem sido condenadas pelo Concílio de Laterão de 1215 (IV Concílio Lateranense), o grosso do seu pensamento não levantou suspeitas de heresia até meados daquele século. Entretanto muitos trabalhos de outros pensadores, incluindo alguns anteriores, começaram a ser atribuídos a Fiore. Entre estas obras contam-se De Oneribus Prophetarum, a Expositio Sybillae et Merlini e os comentários diversos sobre as revelações dos profetas Jeremias e Isaías, obras que ganharam grande expansão e que se afastam muito do pensamento original de Fiore. Entretanto, para além dos cistercienses florianos, fundados pelo próprio Fiore, surgiu entre os franciscanos uma corrente espiritualista, denominada dos franciscanos joaquistas ou mais correntemente dos franciscanos joaquimitas, que levavam as ideias de Fiore a conclusões bem mais radicais, incluindo crenças tais como a eminente ressurreição de São Francisco de Assis e de que o Anticristo, encarnado na figura do imperador sacro-romano-germânico Frederico II, já estava no mundo. Aquelas crenças, apesar da morte em 1250 de Frederico II, e da passagem sem novidade do ano de 1260, ano em que se esperava a ocorrência da grande calamidade que desencadearia a transição para o Império do Divino Espírito Santo, mantiveram-se ainda assim vivas e foram ganhando novas formas e novos adeptos. Entre os mais importantes, e com grande influência sobre o pensamento franciscano posterior, conta-se frei Gerardo de Borgo San Donnino (Fra Gherardo di Borgo San Donnino), autor do tratado intitulado Introductorium in Evangelium Aeternum, obra hoje apenas conhecida pelos extractos dela feitos em 1255 aquando do processo da sua condenação canónica. Por aqueles extratos se vê que as crenças joaquimitas se tinham radicalizado em relação ao pensamento de Joaquim de Fiore, acreditando agora que por volta do ano 1200 o Novo e o Velho Testamento tinham deixado de constituir a única fonte de revelação, e que os três livros de Fiore constituiriam o corpo essencial da Eterna Revelação, que não apenas transcendia, mas vinha substituir, a Revelação de Cristo contida nos Evangelhos. O clero e as doutrinas da Igreja estavam ultrapassados e em pouco tempo seriam irrelevantes face à nova verdade revelada. Aquela obra foi solenemente condenada como herética pelo papa Alexandre IV em 1256, incluindo na condenação, para além das obras joaquimitas, o corpo principal da doutrina de Fiore. Na sequência desta condenação, as suas doutrinas foram refutadas pelo grande Doutor da Igreja São Tomás de Aquino na sua Summa Theologica. A conjugação desta condenação com a morte de Frederico II e a passagem do limiar de 1260, para além da repressão exercida por São Boaventura, outro Doutor da Igreja, contra os seus seguidores franciscanos, levou a um marcado apagamento do joaquimismo. Apesar disso, o joaquimismo, menos radicalizado e mais místico, foi retomado pela corrente espiritualista e contemplativa dos franciscanos, principalmente por Pier Giovanni Olivi (falecido em 1297) e pelo seu seguidor, Ubertino da Casale, expulso da ordem em 1317. Aparecem novamente referências joaquimitas nos escritos de Giovanni dalle Celle e de Telésforo de Cosenza, mas com impacto muito reduzido na ortodoxia católica. Apesar desse aparente apagamento, o joaquimismo permaneceu latente entre os franciscanos, sobrevivendo às pressões da ortodoxia católica, traduzindo-se na esperança do advento de um tempo novo, materializado na Terra e não de natureza celeste, onde todos fossem iguais e o amor divino dominasse. Seria um império da Revelação, marcado pela partilha solidária e pelo desaparecimento das hierarquias, uma utopia não muito distante das modernas visões do anarquismo, do socialismo libertário e da sociedade proudhouniana.

Apesar do povoamento dos Açores só se ter iniciado a partir de 1432, quase 200 anos após o apogeu do joaquimismo, e do núcleo central da sua doutrina já ter sido condenado em 1256 pelo papa Alexandre IV, houve no arquipélago açoriano um claro reacender daquelas doutrinas, inspirando manifestações religiosas e ações rituais e simbólicas que perduram até aos nossos dias. Seguramente por influência dos franciscanos espiritualistas, que foram os primeiros religiosos a instalar-se nas ilhas, partilhando com os primeiros povoadores as agruras do isolamento, o culto do Divino Espírito Santo, então em apagamento na Europa devido à crescente pressão da ortodoxia religiosa, foi trazido para as ilhas. Aqui, em comunidades isoladas e sujeitas às pressões e incertezas da vida na margem do mundo conhecido, as crenças e ritos do Divino Espírito Santo ganharam raízes e recuperaram o seu vigor, reganhando um claro cunho joaquimita que ainda hoje está bem patente. Os Açores, e as comunidades de origem açoriana, constituem assim os últimos redutos onde as doutrinas de Joaquim de Fiore sobrevivem, e, a julgar pelo recrudescer das Irmandades do Divino Espírito Santo, mantêm todo o seu vigor.

Bibliografia
A Influência de Joaquim de Flora em Portugal e na Europa. Escritos de Natália Correia sobre a utopia da Idade Feminina do Espírito Santo, por José Augusto Mourão e José Eduardo Franco, Lisboa, Roma Editora, 2005.

São Bento e ordo monachorum de Joaquim de Fiore (1136-1202), por Nachman Falbel, in 'Revista USP, São Paulo, (30), pp. 273-276, Junho/Agosto de 1996.

ROSSATTO, Noeli Dutra. El círculo trinitário: la construcción del conocimiento y la historia en Joaquín de Fiore. Universitat de Barcelona. Tesis Doctoral,Ano 2000. Orientador: Francisco Fortuny i Bonet.

IV Concílio de Arles, em 1263 dC
Condenou as doutrinas de Joaquim de Fiore, um monge e místico do século XII dC. Arles (antiga Arelate), ao sul da Gália romana (moderna França) sediou diversos concílios regionais ou sínodos, conhecidos como Concilium Arelatense na história do Cristianismo primitivo. Estes concílios não representaram de forma universal a igreja e, por isso, não foram contados entre os Concílios Ecumênicos oficiais.
I Concílio de Arles, em 314 dC
II Concílio de Arles, em 353 dC
III Concílio de Arles, em 1234 dC
IV Concílio de Arles, em 1263 dC

Excerto do filme "Mensagem", dirigido e montado por Luis Vidal Lopes, estreado no cinema S.Luiz, em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1988 e baseado no livro homónimo de Fernando Pessoa. Argumento e texto de Manuel Gandra e Luis Vidal Lopes. Poemas, cartas e textos originais de Fernando Pessoa. Fotografia de Manuel Costa e Silva. Musica de Richard Wagner. Produção de Cristina Hauser. Filipe Ferrer no papel de Fernando Pessoa.

Tales de Mileto

Nasceu em Tebas no ano de 625 a.c. Morreu em Atenas, a 547 a.c., aos 78 anos

As nove respostas de um Sábio

“Um sofista se aproximou de Tales de Mileto, e intentou confundi-lo com as perguntas mais difíceis. Porém, o sábio de Mileto esteve à altura da prova porque respondeu a todos as perguntas sem a menor vacilação e assim mesmo com a maior exatidão”.

1 – Qual é a coisa mais antiga?
R.– Deus, porque sempre tem existido.

2 – Qual é a coisa mais formosa?
R.– O Universo, porque é obra de Deus

3 – Qual é a maior de todas as coisas?
R.– O espaço, porque contém todo o Criador.

4 – Qual é a coisa mais constante?
R.– A esperança, porque permanece no homem depois que haja perdido todo o mais.

5 – Qual é a melhor de todas as coisas?
R.– A virtude, porque sem ela não existe nada de bom.

6 – Qual é a mais rápida de todas as coisas?
R.– O PENSAMENTO, porque em menos de um minuto pode voar até o final do Universo.

7 – Qual é a mais forte de todas as coisas?
R.– A NECESSIDADE, porque faz com que o homem enfrente todos os perigos da vida.

8 – Qual é a mais fácil de todas as coisas?
R.– Dar conselhos.

“Porém, quando chegou à nona pergunta, nosso Sábio disse um paradoxo. Deu uma resposta que, estou seguro, não foi jamais entendida pelo mundano interlocutor, e que, para a maioria das pessoas terá um sentido superficial”.
A pergunta foi esta:

9 – Qual é a mais difícil de todas as coisas?

E o Sábio de Mileto replicou:

- Conhecer a si mesmo

Foi um filósofo grego, fundador da escola Jónica, considerado como um dos sete sábios da Grécia.

Matemático, astrônomo, e grande pensador, Tales de Mileto percorreu o Egito, onde realizou estudos e entrou em contato com os mistérios da religião egípcia. É atribuída a ele a previsão de um eclipse do Sol, no ano de 585 a.C. Também realizou uma façanha incrível: seu talento matemático era tão incomum, que conseguiu estabelecer com precisão a altura das pirâmides apenas medindo-lhes a sua sombra. Além disso, ainda foi o primeiro a dar uma explicação lógica para as ocorrências dos eclipses.

“Se destacou principalmente por seus trabalhos em filosofia e matemática. Nesta última ciência, lhe atribuem as primeiras “demonstrações” de teoremas geométricos mediante o raciocínio lógico e, por isto, o consideram o Pai da Geometria”.

“Foi o primeiro a sustentar que a Lua brilhava por reflexo do Sol e ainda determinou o número exato de dias que contém um ano”.

“Para provar que o conhecimento que desenvolvera tinha utilidade prática direta, afirmou que num determinado ano a colheita de azeitonas seria excepcional.

E arrendou a maioria das destilarias de azeite de Mileto. Ganhou um bom dinheiro com a operação, apenas para ter o prazer de fazer calar os que diziam ser a Filosofia uma inutilidade ou um capricho de ociosos”.

Arte matematico Andalusi. Por Una Justicia ON LINE!,sin fraude, sin estafa. Por una educacion basada en el Humanismo Trascendente, en la etica que se deriva del conocimiento cientifico, en la historia, filosofia, la transparente economia,la saludable politica de lo transparente. Contra LA EXPANSION de La Pandemia del Virus de La Corrupcion.

The Corporation (A Corporação)



The Corporation (A Corporação, em português) é um documentário canadense de 2003, dirigido e produzido por Mark Achbar e Jennifer Abbott, baseado em roteiro adaptado por Joel Bakan de seu livro (The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power, com versão em português: A Corporação: a busca patológica por lucro e poder). O filme descreve o surgimento das grandes corporações como pessoas jurídicas, e discute, do ponto de vista psicológico que, em sendo pessoas, que tipo de pessoas elas seriam.

A Corporação é um documentário que analisa a fundo o poder das grandes empresas, das grandes corporações. O filme fala desde o nascimento desse tipo de negócio até o predomínio de suas atividades no mundo atual, refletindo desde a Revolução Industrial até as vitórias legislativas que permitiram que empresas e cientistas chegassem a patentear boa parte da vida natural.

Em 1886, o condado de Santa Clara, nos EUA, enfrentou nos tribunais a Southern Pacific Railroad, poderosa companhia de estradas de ferro. No veredicto, sem maiores explicações, o juiz responsável pelo caso declarou, em sua argumentação, que "a corporação ré é um individuo que goza das premissas da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe ao Estado que este negue, a qualquer pessoa sob sua jurisdição, igual proteção perante a lei". Isso significa que, a partir daquele momento, era estabelecida uma jurisprudência através da qual, perante as leis norte americanas, corporações poderiam considerar-se como indivíduos. Apesar do peculiar raciocínio por trás do veredicto do caso de Santa Clara, corporações, é claro, não podem ser consideradas como "pessoas".

Tecnicamente, elas nada mais são do que um instrumento legal através do qual determinado negócio é transformado numa estrutura cujo funcionamento transcende as limitações individuais de seus responsáveis de carne e osso. Por conta disso, apesar das posições individuais de seus fundadores, e mesmo após a morte destes, uma corporação segue em sua existência, operando como um "organismo" autônomo em busca de um objetivo bastante específico - o lucro.

Mesmo assim, ainda que o bom senso determine uma linha bastante clara entre pessoas reais e corporações, ambas seguem merecendo, perante a Constituição dos EUA, o mesmo tipo de tratamento. Mas, e se corporações fossem mesmo indivíduos? Que tipo de gente seriam? Em busca da resposta para essa questão, o escritor Joel Bakan e os cineastas Mark Achbar e Jennifer Abbott resolveram adentrar os subterrâneos do mundo e da cultura corporativa, analisando os motivos e conseqüências das ações das companhias transnacionais através de um método de estudo que, distanciando-se da análise sócio-política, aproxima-se da psicanálise. O trabalho dos três, que resultou no documentário A Corporação (The Corporation), aponta para uma conclusão perturbadora.

o diretor Mark Achbar e o escritor e roteirista Joel Bakan mostram as repercussões da hegemonia das corporações na sociedade e na vida das pessoas. Documentário inspirado no best-seller de Joel Bakan (The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power) sobre os poderes das grandes corporações no mundo contemporâneo, traz entrevistas com presidentes de corporações como a Nike, Shell e IBM, além de Noam Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore. Vencedor do Prêmio do público no Sundance Film Festival de 2004.









Link para arquivo digital (.Doc) - TCC na USP com o tema Copyright e Left:
http://www.4shared.com/document/k29ejjXj/TCC_Usp_-Copyright_e_Left.html

Frederick Winslow Taylor e Jules Henri Fayol

Nascido em Filadélfia, Pensilvânia/EUA, 20mar1856 - Filadélfia 21mar1915. Estadunidense, inicialmente técnico em mecânica e operário, formou-se engenheiro mecânico estudando à noite. É considerado o “Pai da Administração Científica” por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência e eficácia operacional na administração industrial.

Sua orientação cartesiana extrema é ao mesmo tempo sua força e fraqueza. Seu controle inflexível, mecanicista, elevou enormemente o desempenho das indústrias em que atuou, todavia, igualmente gerou demissões, insatisfação e estresse para seus subordinados e sindicalistas.

Elaborou os primeiros estudos essenciais:
Em relação ao desenvolvimento de pessoal e seus resultados, acreditava que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos trabalhadores, ou seja, treinando-os, haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e com melhor qualidade. Em relação ao planejamento a atuação dos processos, achava que todo e qualquer trabalho necessita, preliminarmente, de um estudo para que seja determinada uma metodologia própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento.

Em relação à produtividade e à participação dos recursos humanos, estabelecida a co-participação entre o capital e o trabalho, cujo resultado refletirá em menores custos, salários mais elevados e, principalmente, em aumentos de níveis de produtividade.

Em relação ao autocontrole das atividades desenvolvidas e às normas procedimentais, introduziu o controle com o objetivo de que o trabalho seja executado de acordo com uma seqüência e um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional.

Inseriu, também, a supervisão funcional, estabelecendo que todas as fases de um trabalho devem ser acompanhadas de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas em conformidades com as instruções programadas. Finalmente, apontou que estas instruções programadas devem, sistematicamente, ser transmitidas a todos os empregados.

Metodologia do estudo
Taylor iniciou o seu estudo observando o trabalho dos operários. Sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima, e das partes para o todo; dando ênfase na tarefa. Para ele a administração tinha que ser tratada como ciência. Desta forma ele buscava ter um maior rendimento do serviço do operariado da época,o qual era desqualificado e tratado com desleixo pelas empresas. Não havia, à época, interesse em qualificar o trabalhador, diante de um enorme e supostamente inesgotável "exército industrial de reserva". O estudo de "tempos e movimentos" mostrou que um "exército" industrial desqualificado significava baixa produtividade e lucros decrescentes, forçando as empresas a contratarem mais operários.

Organização Racional do Trabalho
Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos: objetivava a isenção de movimentos inúteis, para que o operário executasse de forma mais simples e rápida a sua função, estabelecendo um tempo médio, afim de que as atividades fossem feitas em um tempo menor e com qualidade, aumentando a produção de forma eficaz.

Estudo da fadiga humana: a fadiga predispõe o trabalhador à diminuição da produtividade e perda de qualidade, acidentes, doenças e aumento da rotatividade de pessoal. Divisão do trabalho e especialização do operário, cada um se especializaria e desenvolveria as atividades em que mais tivessem aptidões. Desenho de cargos e tarefas: desenhar cargos é especificar o conteúdo de tarefas de uma função, como executar e as relações com os demais cargos existentes.

Incentivos salariais e prêmios por produtividade
Condições de trabalho: O conforto do operário e o ambiente físico ganham valor, não porque as pessoas merecessem, mas porque são essenciais para o ganho de produtividade

Padronização: aplicação de métodos científicos para obter a uniformidade e reduzir os custos
Supervisão funcional: os operários são supervisionados por supervisores especializados, e não por uma autoridade centralizada.

Homem econômico: o homem é motivável por recompensas salariais, econômicas e materiais.

A empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico. Porém, a empresa é um sistema que movimenta-se conforme as condições internas e externas, portanto, um sistema aberto e dialético.

Princípios da Administração Científica
Taylor pretendia definir princípios científicos para a administração das empresas. Tinha por objetivo resolver os problemas que resultam das relações entre os operários, como conseqüência modificam-se as relações humanas dentro da empresa, o bom operário não discute as ordens, nem as instruções, faz o que lhe mandam fazer. A gerência planeja e o operário apenas executa as ordens e tarefas que lhe são determinadas.

O Princípio do Planejamento é um dos quatro princípos da Administração Científica segundo Frederick Winslow Taylor. Consiste em substituir o critério individual do operário, a improvisação e o empirismo por métodos planejados e testados.

O Princípio da preparação dos trabalhadores é um dos quatro princípos da Administração Científica segundo Frederick Winslow Taylor. Consiste em selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado, e em preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional. Pressupõe o estudo das tarefas ou dos tempos e movimentos e a Lei da fadiga.

O Princípio de Controle é um dos quatro princípios da Administração Científica segundo Frederick Winslow Taylor. Consiste em controlar o trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com o método estabelecido e segundo o plano de produção.

O Princípio da Execução é um dos quatro princípos da Administração Científica de Frederick Winslow Taylor. Consiste em distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades para que a execução do trabalho seja o mais disciplinado possível.

A Teoria Clássica da Administração foi idealizada por Henri Fayol.

Caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional, pela visão do Homem Econômico e pela busca da máxima eficiência. Sofreu críticas como a manipulação dos trabalhadores através dos incentivos materiais e salariais e a excessiva unidade de comando e responsabilidade.

Paralelamente aos estudos de Frederick Winslow Taylor, Henri Fayol defendia princípios semelhantes na Europa, baseado em sua experiência na alta administração. Enquanto os métodos de Taylor eram estudados por executivos Europeus, os seguidores da Administração Científica só deixaram de ignorar a obra de Fayol quando a mesma foi publicada nos Estados Unidos. O atraso na difusão generalizada das idéias de Fayol fez com que grandes contribuintes do pensamento administrativo desconhecessem seus princípios.

A Fragmentação do Ensino

No período Feudal o modo de produção se estruturava em estamentos não havia mobilidade social e o espaço de trabalho era coletivos onde todos iniciavam e terminavam os seus trabalhos participando de todo o processo de confecção da produção. Nesta época o aprendizado ocorria nas oficinas onde o mestre ensinava ao aprendiz o ofício. Com o passar do tempo este modo sofre modificações, inicialmente as fábricas ainda tinham a mesma estrutura do feudalismo, porém aos poucos o homem já não é mais o dono do seu trabalho, aparece à figura do chefe do capital das forças produtivas. Este usa ferramentas para gerar lucro (trabalho humano e a máquina).

O trabalho em série faz com que o homem perca a intimidade com o trabalho, sua responsabilidade fica fraguimentada, porém oferece ao capitalista maior eficiência na possibilidade de ampliar seu lucro. Segundo Rago (1984, apud Cruz) Taylorismo é um modelo de produção que vem consolidar o processo capitalista onde o trabalhador perde a autonomia e a criatividade acentuando a dimensão negativa do trabalho.

Recebe esse nome por ser um método de planejamento e de controle dos tempos e movimentos no trabalho, com as seguintes características: 1) padronização e produção em série como condição para a redução de custos e elevação de lucros. 2) trabalho de forma intensa, padronizado e fragmentado, na linha de produção proporcionando ganhos de produtividade.

O método de administração científica de Frederick W. Taylor (1856-1915), tem o objetivo de aumentar a produtividade do trabalho. Para ele o grande problema das técnicas administrativas existentes consistia no desconhecimento, pela gerência, bem como pelos trabalhadores, dos métodos ótimos de trabalho. A busca dos métodos ótimos, seria efetivada pela gerência, através de experimentações sistemáticas de tempos e movimentos. Uma vez descobertos, os métodos seriam repassados aos trabalhadores que se transformavam em executores de tarefas pré-definidas.

O Taylorismo consiste ainda na dissociação do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores, ou seja, o processo de trabalho deve ser independente do ofício, da tradição e do conhecimento dos trabalhadores, mas inteiramente dependente das políticas gerenciais. Taylor separa a concepção (cérebro, patrão) da execução (mãos, operário). Nega ao trabalhador qualquer manifestação criativa ou participação.

A introdução das idéias tayloristas também foi adaptada ao campo do trabalho doméstico e da medicina. Vinculava-se a necessidade das donas de casa e dos médicos otimizarem suas tarefas. Neste contexto a organização das atividades deveria ser bem planejada a fim de que tudo fosse realizado com eficiência e rapidez. É o chamado controle de tempos e movimentos. Para tudo isso é fundamental a hierarquia e a disciplina. Isto foi o que predominou na grande indústria capitalista ao longo do século XX, e é um modelo que ainda está bem vivo em algumas organizações, a despeito de todas as inovações. A crise deste modelo surgiu em grande parte pela resistência crescente dos trabalhadores ao sistema de trabalho em cadeia, à monotonia e à alienação do trabalho superfraguimentado.

Como sujeitos deste processo, precisamos refletir sobre estas questões com um olhar crítico. Hoje na escola percebemos os reflexos do taylorismo no tecnicismo, na fraguimentação do ensino, na competição, na hierarquização, na organização do tempo das disciplinas. Estes critérios têm se mantido na escola com a finalidade de produzir mão de obra para a ideologia dominante formando pessoas que apóiem esta ideologia e sirvam a ela.

Não podemos esquecer que a educação para a modernidade precisa ser feita por pessoas que, na prática diária da cidadania, entendam o mundo em que vivem e suas alterações tecnológicas, entendam suas características pessoais que os humaniza e entendam as verdadeiras necessidades do povo. Portanto as metodologias pedagógicas precisam ser revistas, pois, ao se subjugar aos reguladores das políticas educacionais que, de cima para baixo, elaboram sugestões, imposições, para nortear a educação ignorando as necessidades específicas de cada povo, evitam que as escolas trabalhem com liberdade desenvolvendo seu trabalho pautado no que é realmente preciso diante da realidade socioeconômica de suas clientela.

Em fim, a influência do Taylorismo na educação moderna gerou alguns problemas que precisam ser revistos pela comunidade escolar. Para reverter este quadro, a escola precisa produzir sujeitos que saibam romper com este processo excludente de maneira consciente e reflexiva, em todas as estâncias em que participam, seja no seu espaço autônomo como nos sistemas educacionais que freqüentam na busca da formação integral, recurso básico para o exercício da cidadania, livre da fraguimentação da consciência, do indivíduo e da sociedade.

Cruz, Maurício. Texto baseado em Que é Taylorismo, de Luzia M. Rago e Eduardo F.P. Moreira, 1º edição, 1984, Coleção Primeiros Passos, editora brasiliense.

A visão do negócio da empresa

É comum encontrar nas organizações em geral pessoas envolvidas somente com as atividades relacionadas ao seu departamento ou à sua área, sem a noção do todo, da sua participação nos processos internos bem como nos resultados alcançados e muito menos com relação aos planos estratégicos da organização. O que contribui decisivamente e positivamente para que haja perfeita integração entre as áreas é trabalhar em equipe, participando de grupos integrados de melhoria formados por pessoas de diferentes áreas, mas que fazem parte do mesmo processo.

Será que os profissionais dos diversos setores da organização conhecem e tem a mesma visão do negócio? Como fazer para que todos tenham a mesma visão da missão, dos valores e da estratégia da empresa? Vamos pensar por alguns instantes na posição do vendedor, da secretária, da equipe que compõe a área de produtos, compras, RH, administração, finanças, fábrica, sem esquecer da telefonista, dos colaboradores terceirizados como pessoal da limpeza, atendimento ao consumidor, etc.

Qual a visão que eles possuem da empresa onde trabalham, além do seu espaço de atuação, que alguns acabam transformando em "mundinho"? Qual a imagem que estas pessoas divulgam da empresa em que trabalham, do lado de fora do ambiente de escritório? Não podemos nos esquecer que estas pessoas são os maiores propagandistas da organização onde prestam serviços.

A comunicação escrita não é suficientemente eficaz neste sentido e o mesmo acontece com os quadros de avisos, com a missão, a visão e os valores pendurados nas paredes de cada departamento ou em todas as áreas de circulação. Isto é um instrumento meramente informativo, mas somente a comunicação falada pode envolver, integrar e causar uma sinergia entre todos os elementos que compõe os diversos processos da empresa. Isto demonstra claramente a necessidade da elaboração de uma comunicação ampla e corretamente planejada, a fim de envolver todos os colaboradores em busca dos mesmos objetivos. A melhoria constante nas atividades e processos, com o máximo de qualidade, dedicação, disciplina, atenção, aperfeiçoamento, comunicação, integração, sem perder o foco nas metas, nas pessoas e nos objetivos traçados pela empresa, conhecendo a real participação de cada um nos processos e sua importância nos resultados finais. Não é esta a visão ideal que todos devem possuir de uma mesma organização?

José Carlos Maron Jr.
Administrador de Empresas
jcmaron@yahoo.com.br

Calvinismo e Martinho Lutero

João Calvino, nascido em Noyon, 10jul1509 — Genebra, 27mai1564, foi um teólogo cristão francês. Calvino fundou o Calvinismo, uma forma de Protestantismo, durante a Reforma Protestante.

Esta variante do Protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os Afrikaners), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos da América. Nascido na Picardia, ao norte da França, foi batizado com o nome de Jean Cauvin. A tradução do apelido de família "Cauvin" para o latim Calvinus deu a origem ao nome "Calvin", pelo qual se tornou conhecido. Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha oito anos de idade. Para muitos, Calvino terá sido para a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã - uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais direta, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana. Citando Bernard Cottret, biógrafo (francês) de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, percursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo".

O avô de João Calvino trabalhava numa cantina em Point-l'Évêque, nas proximidades de Noyon. Teve três filhos: Richard (Ricardo), que foi serralheiro e se instalou em Paris, Jacques (Jaime ou Tiago), igualmente serralheiro e, finalmente, Gérard (Geraldo) Cauvin, pai de João Calvino, que foi aquele que talvez mais se destacou dos três, tendo feito carreira em Noyon como funcionário administrativo. Gérard Cauvin estabeleceu-se em Noyon em 1481. Foi inicialmente um simples secretário da chancelaria. Seria, depois, advogado representante do bispado de Nyon; mais tarde, funcionário relacionado com a cobrança de impostos e, finalmente, o promotor (representante) do bispado, antes de entrar em conflito com este. Faleceu em 1531 após uma disputa com o bispado, pela qual foi excomungado. A autorização para o seu funeral seria deveras dificultada devido a esta querela.

A mãe de Calvino, Jeanne Le Franc, de seu nome de solteira, era filha de um dono de uma hospedaria em Cambrai, que tinha enriquecido. Jeanne faleceu em 1515, quando João Calvino tinha apenas 6 anos de idade. Gérard e Jeanne tiveram quatro filhos:
Charles (Carlos) - o mais velho, foi padre. Faleceu em 1536.
João Calvino.
Antoine (Antônio) - iria mais tarde viver em Genebra, junto do irmão.
François (Francisco) - morreu ainda em tenra idade.
Haveria ainda duas irmãs, que nasceram do segundo casamento de Gérard. Uma chamou-se Marie (Maria) e iria também viver em Genebra. Da outra irmã sabe-se pouco.

João Calvino nasce a 10 de julho de 1509, nos últimos anos do reinado de Luís XII. Frequentou inicialmente o "Collège des Capettes" em Nyon, onde adquiriu conhecimentos básicos de latim.

Em 1 de Janeiro de 1515 o rei Francisco I de França (François, roi des françois), sucedeu a Luís XII. Inicialmente moderado em matéria de religião, a postura deste rei foi endurecendo ao longo do seu reinado, terminando na perseguição declarada dos protestantes. Pela Concordata de Bolonha, assinada no início do seu reinado, o papa Leão X concedia ao rei da França o direito a nomear os titulares dos rendimentos da igreja. Em contrapartida, o Papa via reforçados os seus direitos sobre a Igreja em França.

Em 1521, com doze anos, João Calvino ganhou o direito a uma "benefice", ou seja, um rendimento anual que era concedido a elementos e familiares da hierarquia da igreja. No seu caso, consistia numa determinada quantia anual de cereais pagos por uma comunidade de La Gésine. Em 1521 ou 1523 (data incerta) o pai enviou-o a Paris. Terá provavelmente vivido inicialmente com o tio Richard, na zona de Sain-Germain-l'Auxerrois. Calvino começa por frequentar o Collège de la Marche, onde foi aluno de Maturin Cordier, um grande pedagogo do tempo. Estabeleceu, aí, amizade com as crianças da família d'Hangest, do bispo de Noyon, que se assumia, de certa forma, como protector dos Cauvins. Os seus amigos eram Joachin (Joaquim), Yves (Ivo) e Claude (Cláudio), a quem mais tarde dedicaria o seu comentário a "De Clementia" de Séneca, um autor conhecido pelo seu estoicismo. Foi, de seguida, admitido no Collège Montaigu, uma escola de má reputação, conhecida pela sua rigidez, pelas sovas e má comida. A lista de professores em Montaigu, nesta época, incluía o espanhol Antonio Coronel e o escocês John Mair (que foi professor de Inácio de Loyola), mas não há provas definitivas de que eles tenham sido professores de Calvino.

Em fevereiro de 1525, o rei Francisco I foi encarcerado temporariamente em Pavia pelas tropas do imperador Carlos V. Com a intervenção do papa Clemente VII a favor de Francisco, a influência papal junto do rei de França aumenta consideravelmente. Numa bula de 17 de Maio de 1525 dirige-se a Francisco para que tome providências contra o crescente número de "blasfemos" em França e contra os ataques a imagens religiosas.

Em 1 de Junho de 1528 teve lugar em Paris o caso da Rue des Roisiers. Uma figura de madeira situada nessa rua (uma madona) foi decapitada por desconhecidos. O rei reage de forma veemente, organizando procissões, que passaram a ser repetidas anualmente. O incidente ainda era lembrado no século XIX.

Em 1529, pouco antes de atingir os vinte anos de idade, a vida de Calvino sofreu uma súbita viragem. Vindo inicialmente para Paris com uma renda anual concedida pela Igreja, com o fim de estudar Teologia, ficará a saber que o pai mudou de planos em relação ao seu futuro e quer que ele siga Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino. Cumpriu a vontade do pai e foi estudar Direito para Orleães, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da Teologia). Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho da Teologia.

O biógrafo francês de Calvino, Bernard Cottret, escreve:
"Direito e leis: Calvino, o teólogo, é no fim, também, Calvino, o jurista. O seu pensamento fica marcado pela austeridade, a adstringência e a geometria da lei, pelo seu fascínio ou aspiração a ela. No início do século XVI assiste-se no Direito a uma verdadeira revolução. A retórica de Cícero toma a primazia sobre a filosofia medieval, que se sustenta nos seus silogismos. Com a interpretação de textos jurídicos, Calvino toma contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e o renascimento são, pois, os movimentos culturais que o vão influenciar em primeiro lugar.

Em Orleães, Calvino foi influenciado pelo seu professor Pierre de l'Estoile. Em 1529, dirige-se também a Bourges, para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciati, onde também assiste a aulas do alemão Gräzist Wolmar, que o entusiasmou pela literatura grega da antiguidade.

Em 1529, Louis de Berquin foi queimado vivo em Paris, numa altura em que o rei, Francisco, estava fora da cidade.

Em 1531, Calvino, num prefácio ao livro de um amigo, toma partido pelo seu professor Pierre de l'Estoile num texto que explora a disputa entre este e Andrea Alciati, talvez por lealdade e nacionalismo. O que prova que o Calvino de 1531 ainda não é um reformador mas, acima de tudo, um humanista. Neste mesmo ano morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino vai a Bourges, a Orleães e regressa de novo a Paris, onde se instala em Chaillot.

O humanista Erasmo de Roterdão também se interessou pela obra de Séneca
Em 1532, foi doutorado em Direito em Orleães. O seu primeiro trabalho publicado foi um comentário sobre o texto do filósofo romano Séneca "De Clementia". Calvino cobre os custos da publicação do livro com dinheiro do seu próprio bolso. Aos 23 anos era já um famoso humanista, seguindo os passos de Erasmo de Roterdão, que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em "De Clementia" não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflecte o estoicismo de Séneca e a predestinação no sentido estóico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar Nero à moderação e à razão.

Até 1532 não há, como se viu, qualquer indício de que Calvino tenha aderido à nova fé - nos seus diferentes focos e graus que surgem pela Europa - onde o Luteranismo surge como um movimento mais moderado e os anabaptistas como uma força mais radical. A conversão de Calvino ao protestantismo permanece envolta em mistério. Sabe-se apenas que ela se deu entre 1532 e 1533 (Calvino tem 23 ou 24 anos). Um texto escrito por Calvino em 1557 como prefácio ao seu comentário sobre os salmos oferece-nos alguns parcos pormenores:
"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefato, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu carácter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

Note-se que a França e Alemanha não existiam no sentido de hoje mas sim em termos de zonas de língua francófona ou alemã. Entretanto, o papa Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantes franceses. Em bulas de 30 de Agosto de 1533 e de 10 de Novembro do mesmo ano, o papa exortava à "aniquilação da heresia Luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontram-se, então, nesse mesmo ano, em Marselha, onde discutem entre outras coisas a "guerra contra os turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".

Genebra nos dias de hoje, uma das cidades mais ricas do mundo 1536 é também o ano da chegada de Calvino a Genebra. Calvino tem nessa altura 26 anos. Após a estadia em Ferrara, na Primavera de 1536, Calvino tinha estado em Paris, aproveitando-se de um período de relativa calma na perseguição aos protestantes. Tratou de assuntos pessoais e da família. Em junho faz em Paris uma procuração em nome do seu irmão. Em Julho de 1536, João Calvino, pretendendo dirigir-se a Estrasburgo, inicia a viagem, juntamente com o irmão Antoine e a irmã Marie. Em vez de tomar o caminho mais curto, Calvino faz um desvio pelo sul, evitando a área onde a guerra entre as forças de Francisco I e Carlos V são uma ameaça. Por coincidência, Calvino chega a Genebra, onde permaneceu, apesar de ter inicialmente pretendido continuar viagem, o que foi vivamente desaconselhado pelo reformador Guillaume Farel (na altura de 47 anos de idade). O caminho para Estrasburgo encontrava-se inseguro por causa da guerra. A Genebra que Calvino encontra vive ainda a agitação dos conflitos entre Mamelucos e Confederados. Calvino já tinha viajado até Estrasburgo durante as guerras otomanas, e passado através dos cantões da Suíça. Aquando da sua estadia em Genebra, Guillaume Farel pediu ajuda a Calvino na sua causa pela igreja.

Calvino escreveu sobre este pedido: "senti como se Deus no céu tivesse colocado a sua poderosa mão sobre mim para barrar-me o caminho". 18 meses depois, as mudanças de Calvino e Farel levariam à expulsão de ambos.

Públio Virgílio Marão - Metonímia ou Transnominação

Em latim - Publius Vergilius Maro, às vezes chamado de Vergílio, (Andes, 15 de Outubro de 70 a.C. - Brindisi, 21 de Setembro de 19 a.C.), foi um poeta romano. Sua obra mais conhecida é a Eneida. Foi considerado ainda em vida como o grande poeta romano e expoente da literatura latina. Seu trabalho foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que urgia pela afirmação histórica, saída de um período turbulento de cerca de dez anos, durante os quais as revoluções prevaleceram.

Considerado o maior poeta latino. Era natural da região de Mântua (70-19 a.C.) e filho de uma família de camponeses. Alcançou pelo casamento uma situação estável, podendo então ouvir, em Milão e Roma, as lições de filósofos epicuristas. Amigo de Horácio, como ele protegido por Mecenas, entrou em contato com o imperador, de quem recebeu o incentivo para escrever a Eneida.

Admirador da cultura helênica, empreendeu uma viagem à Grécia, berço e viveiro da cultura, sonho que há muito acalentava: o destino concedeu-lhe a realização desse anseio, mas morreu no regresso, junto de Brindisi. O seu túmulo encontra-se em Nápoles. A obra de Virgílio compreende, além de poemas menores, compostos na juventude, as Bucólicas ou Éclogas, em número de dez, em que reflete a influência do gênero pastoril criado por Teócrito. As Geórgicas, dedicadas ao seu protetor Mecenas, constam de quatro livros, tratando da agricultura. Trata-se de uma obra de implicações políticas indiretas, embora bem definidas: ao fazer a apologia da vida do campo, o poeta serve o ideal político-social da dignificação da classe rural. Reflete a influência de Hesíodo e Lucrécio. Literariamente, as Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita. E finalmente, a Eneida, que o poeta considerou inacabada, a ponto de pedir, no leito de morte, que fosse queimada, constitui a epopéia nacional.

Esta refere-se à lenda do guerreiro Enéias, que, após a célebre guerra, teria fugido de Tróia, saqueada e incendiada, e chegado à Itália, onde se tornou o antepassado do povo romano. Epopéia erudita, a Eneida tem como objetivo dar aos romanos uma ascendência não-grega, formulando a cultura latina como original e não tributária da cultura helênica. O poema consta de doze livros e a sua construção serviu de modelo definitivo às grandes epopéias do renascimento, nomeadamente para Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, o que se percebe claramente comparando o primeiro verso das duas epopéias:

Eneida: Arma uirumque cano... que significa: "As armas e o varão(herói) eu canto";
com Lusíadas: As armas e os barões assinalados...

Chama-se de metonímia ou transnominação uma figura de linguagem que consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial.
A sinédoque é um tipo de metonímia que consiste na atribuição da parte pelo todo, ou do todo pela parte.

Figura de retórica, para muitos autores indistinta da figura da metonímia, ou considerada como um tipo de metonímia na qual se exprime uma parte por um todo ou um todo por uma parte (Moscow caiu às mãos dos alemães), o singular pelo plural (quando o Gama chegou à Índia), o autor pela obra (estou a estudar Pessoa), a capital pelo governo do país ("Washington decidiu enviar tropas para o Iraque"), uma peça de vestuário pela pessoa que o usa (um vestido negro surgiu pela porta), etc. Na verdade trata-se da inclusão ou contiguidade semântica existente entre dois nomes e que permite a substituição de um pelo outro. Na literatura, abundam sinédoques com fins estéticos de provocar o inusitado nas expressões escolhidas:

Exemplos
"Ficou sem teto." - O teto representa a casa inteira.
"Vós, ó novo temor da Maura lança" - Refere-se não a uma só lança, mas a todo exército mouro (a lança era uma das armas usadas). (Luís de Camões, Os Lusíadas, I,6)
"Que da Ocidental praia Lusitana" - para designar Portugal (Camões, Os Lusíadas, I, 1)
"Mas já o Príncipe Afonso aparelhava / O Lusitano exército ditoso / Contra o Mouro que as terras habitava" - para designar os exércitos mouros (Camões, Os Lusíadas, III, 42)
"Despois, na costa da Índia, andando cheia / De lenhos inimigos e artefícios" - para designar os navios (Camões, Os Lusíadas, III, 42)
Outros exemplos
Causa pelo efeito:
Sócrates tomou as mortes. (O efeito é a morte, a causa é o veneno).
Sou alérgica a cigarro. (O cigarro é a causa: a fumaça, o efeito. Podemos ser alérgicos à fumaça, mas não ao cigarro).
Marca pelo produto:
O meu irmãozinho adora danone.(Danone é a marca de um iogurte; o menino gosta de iogurte)
Autor pela obra:
Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral).
Contentor pelo conteúdo
Bebeu um copo de água. (Ninguém "bebe" um copo, mas sim a bebida que está nele.)
Possuidor pelo possuído:
Ir ao barbeiro. (O barbeiro trabalha na barbearia, aonde se vai - de fato, ninguém vai a uma pessoa, mas ao local onde ela está).
Matéria pelo objeto:
Quem por ferro fere... (ferro substitui, aqui, espada, por exemplo)
O lugar pela coisa:
Uma garrafa de Porto. (Porto é o nome da cidade conotada com a bebida - não é a cidade que fica na garrafa, mas sim a bebida).
O abstrato pelo concreto:
A juventude é corajosa e nem sempre consequente. (juventude pela palavra jovens).
A coisa pela sua representação = (sinal pela coisa significada):
És a minha âncora. (em substituição de "segurança").
Instituição pelo que representa:
A igreja publicou seu novo livro (quem publica é uma editora ou alguém)
Causa primária pela secundária:
O engenheiro construiu mal o edifício (o engenheiro não constrói só planeja)
O inventor pelo invento:
Ele comprou um Ford (observe que estamos falando do criador não da marca)
O concreto pelo abstrato (e vice-versa):
A velhice deve ser respeitada (não é a velhice e sim os velhos)
Gênero pela espécie:
Os mortais são capazes de tudo
O singular pelo plural(vice-versa):
O brasileiro é um apaixonado pelo futebol (não é só um brasileiro e sim todos eles)
Determinado pelo indeterminado:
A matéria pelo objeto:
Tirem os cristais (não estamos nos referindo aos cristais e sim aos copos)
A forma pela matéria:
Ele cuida com carinho da redonda
Individuo pelas classes:
Odiava ser o Judas da sala

"A metonímia é geralmente utilizada para a não repetição de palavras em textos. Como, por exemplo, em entrevistas nas quais o entrevistado (ex.: Jorge Amado) pode tanto ser chamado pelo primeiro nome, pelo sobrenome, ou pelo nome completo (ex.: Jorge declarou, Amado declarou, ou Jorge Amado declarou)"
Referências: Carlos Matheus Pastori.