Inteligência Epistêmica

Inteligência Epistêmica
Convivendo na MATRIX...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O que é antroposofia?

É uma ciência espiritual que objetiva o conhecimento (do grego sofia) sobre o ser humano (antropos). Com base em seus princípios, há escolas dentro da medicina, farmacologia, nutrição, fisioterapia, psicoterapia, pedagogia, administração e espiritualidade. Segundo a antroposofia, a conexão entre homem e natureza está presente em todos os fenômenos, em nível interno e externo, anímico e material. Não dá para separar. Por exemplo, você pode ir a um dentista da linha antroposófica e sair de lá com uma receita de pomada para os pés, pois considera-se que as partes do corpo se correspondem. Nas salas de aula, as crianças são educadas para absorver a infância em sua plenitude, em vez de serem preparadas precocemente para o mercado de trabalho. O propósito é levar o ser humano ao conhecimento de si mesmo, mas sempre em integração com o Universo. A antroposofia foi desenvolvida no início do século 20 pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). Apoiadas em pesquisas científicas, suas idéias evoluíram entre seguidores e parecem consagrar-se à medida que mais pessoas buscam a simplicidade e o bom senso no dia a dia. “Não é seita nem religião. Trata-se do que há de mais moderno em procura e aperfeiçoamento espiritual”, diz o doutor Samir Wady Rhame, presidente da Associação Brasileira de Antroposofia. “O homem só se aproxima da sabedoria quando começa a se conhecer de verdade.” Walkiria de Almeida Médico Dr. Nilo Gardin, clínico geral, hematologista, homeopata e médico antroposófico. Fala sobre o que é antroposofia, seu aspecto médico, qualidade de vida e alergia. Virginia Nowicki entrevista o médico antroposófico Dr. Derblai Sebben, que comenta a visão da Antroposofia sobre a insônia, suas causas e tratamentos. Inscreva-se no nosso canal ou acesse: www.farmatv.com.br Sidnei e Zanarotti falam sobre o 20° Seminário Ramatís e entrevistam Wilhelm Kenzler que fala sobre o trabalho da Sociedade Antroposófica no Brasil. Programa exibido pela Rede Mundo Maior de Televisão em 21/10/2011.

Fenômenos de Efeitos Físico: O Que é ECTOPLASMA?

a) Ectoplasma, para a ciência acadêmica, é a parte da célula que fica entre a membrana e o núcleo, ou a porção periférica do citoplasma. b) Ectoplasma: Termo criado por Charles Richet. É uma substância que se acredita seja a força nervosa e tem propriedades químicas semelhantes as do corpo físico, donde provém. Apresenta-se viscoso, esbranquiçado (quase transparente, com reflexos leitosos) e é evanescente sob a luz. É considerado a base dos efeitos mediúnicos chamados "físicos", pois através dele os espíritos podem atuar sobre a matéria. c) Entretanto, para os espíritos o ectoplasma é geralmente conhecido como um plasma de origem psíquica, que se exsuda principalmente do médium de efeitos físicos, e algo dos outros médiuns. Trata-se de substância delicadíssima que, situa-se entre o perispírito e o corpo físico. Embora seja algo disforme, é dotada de forte vitalidade, por cujo motivo serve de alavanca para interligar os planos físico e espiritual. d) Historicamente o ectoplasma tem sido identificado como algo que é produzido pelo ser humano que, em determinadas condições, pode liberá-lo, produzindo fenômenos diversos. CARACTERÍSTICAS DO ECTOPLASMA O ectoplasma é de difícil manipulação, é pegajoso, não se molda facilmente, por isso exige treinamento e técnicas para que os espíritos se utilizem deste fluido. Não é o espírito que se materializa e sim o ectoplasma que se adere a forma do perispírito do espírito. O ectoplasma sofre muito a influência da luz do dia e da luz branca, ocorrendo interferências no fenômeno, o ideal é utilizar uma luz de tom avermelhado. Pode ocorrer materialização sob o efeito da luz branca mas é necessário ter muito ectoplasma (em abundância), também é difícil tirar-se foto com flash de materialização, porque no momento do flash há interferência. Não é o ectoplasma puro que exala do médium que é usado diretamente nas materializações, é necessário combiná-lo com outros fluidos (espirituais, físicos (kundalini-material, líquido nervoso + líquidos do corpo do médium e da natureza), ou seja, na materialização é utilizado ectoplasma elaborado. A presença de apenas uma pessoa incrédula no ambiente dificulta ou até impede a aderência do ectoplasma no perispírito do espírito. ECTOPLASMA É UMA COMBINAÇÃO DE FLUIDOS A palavra ectoplasma dá ideia de que se trata de algo único, mas na verdade é um grande conjunto, formado pela combinação dos fluidos do espírito com o fluido animalizado do médium e com os fluidos ambientes. Na obra “Nos Domínios da Mediunidade”, Áulus explica-nos o seguinte: “- Aí temos o material leve e plástico de que necessitamos para a materialização”. Podemos dividi-lo em três elementos essenciais, em nossas rápidas noções de serviço, a saber: FLUIDOS A – representando as forças superiores e sutis da esfera espiritual; FLUIDOS B – definindo os recursos do médium e dos companheiros que o assistem; FLUIDOS C – constituindo energias tomadas à natureza terrestres. Os Fluidos A podem ser os mais puros e os Fluidos C podem ser os mais dóceis. No entanto os Fluidos B, nascidos da atuação dos companheiros encarnados e, muito notadamente, do médium, são capazes de estragar os mais nobres projetos. Nos círculos em que os elementos A encontram segura colaboração de B, a materialização de ordem elevada assume a sublimidade dos fenômenos. OS ESPÍRITOS NÃO PRODUZEM ECTOPLASMA Todos os estudos feitos, sobre as materializações de espíritos e os chamados “efeitos físicos”, demonstram que esses fenômenos ocorrem somente na presença de pessoas que podem fornecer ectoplasma. Isto leva à óbvia conclusão de que os espíritos não “produzem” ectoplasma. Eles apenas podem manipulá-lo. Uma observação mais cuidadosa leva, inclusive, à conclusão de que esta “manipulação” somente pode ocorrer com a conivência, consciente ou “inconsciente” dos encarnados que fornecem o ectoplasma. Se assim, não fosse, esses fenômenos ocorreriam com tal frequência e intensidade, no cotidiano da humanidade, que os desencarnados passariam a participar diretamente do mundo dos encarnados. Deste modo, pode-se deduzir que o ectoplasma é um atributo do corpo físico, portanto da matéria, uma vez que o corpo humano é material, embora seja controlado pelo espírito nele encarnado. O que se pode admitir que aconteça é que, os espíritos encarnados, em contato com a matéria (corpo), durante a encarnação, manipulam-na (a matéria) de tal modo a produzirem o que chamamos de ectoplasma. Essa produção se daria, de modo automático e inconsciente, desde a concepção até o desencarne. OS TIPOS DE ECTOPLASMA Ora, se o ectoplasma está relacionado com a matéria que constitui o corpo humano, ele deve existir, também, nos minerais, nas plantas e nos animais em geral. Esse ectoplasma dos animais, dos vegetais e dos minerais não deve ser igual, em termos de “complexidade”, ao ectoplasma existente nos seres humanos. O ectoplasma mineral é, em princípio, o mais simples. Nos vegetais, que se alimentam principalmente de materiais inorgânicos, ele se apresenta de modo relativamente mais complexo, isso pode ser admitido uma vez que ele foi “trabalhado” por elas a partir do material inicial. Nos animais, que se alimentam de produtos minerais, vegetais e mesmo outros animais, o ectoplasma deve adquirir uma maior complexidade. Certamente em função da espécie de vegetal ou animal, haverá qualidades diferentes de ectoplasma. Esta dedução é fácil de ser feita, uma vez que, ao que se sabe, o ectoplasma não humano não é suficiente, ou adequado, para a realização de fenômenos físicos e de materialização. Se fosse, esses fenômenos ocorreriam livremente pela manifestação de espíritos desencarnados. Haveria interferência direta dos desencarnados no mundo dos encarnados, criando uma grande confusão.Hernani Guimarães Andrade, no seu livro “Espírito, Perispírito e Alma”, propõe a existência dos seguintes tipos de ectoplasma: 1. Ectomineroplasma, originário dos materiais minerais; 2. Ectofitoplasma, quando extraído dos vegetais; 3. Ectozooplasma, quando produzido pelos animais; 4. Ectohumanoplasma, quando produzido pelos humanos. Para efeito de simplificação de terminologia, no sentido de tornar o significado mais acessível às pessoas, podemos dizer apenas. Ectoplasma: - mineral, - vegetal, - animal, - humano. O ECTOPLASMA É MATÉRIA? PODEMOS DEFINIR MATÉRIA COMO: - Tudo que é constituído pelos elementos químicos constantes da classificação periódica dos elementos químicos, além evidentemente dos próprios elementos e das partículas subatômicas. - O que tem massa e energia, portanto o que estará sujeito à ação da gravidade, o que tem peso e, além disto, ocupa certo volume no espaço. - O que pode interagir fisicamente com outras porções da matéria através das reações químicas. ALGUMAS PROPRIEDADES DO ECTOPLASMA: - Ele está sujeito à ação da gravidade terrestre e interage fisicamente com a matéria do corpo humano. - Nas fotografias vemos o ectoplasma saindo da boca do médium, como se fosse panos. - Os fatos de o ectoplasma cair na direção do solo e de o espírito materializado, a partir do ectoplasma, estar junto ao chão são evidências de que este fluido está sujeito à ação da gravidade terrestre. - Alguns autores que já estudaram o ectoplasma, em trabalhos de materialização e de efeitos físicos, verificaram a ação da gravidade sobre o ectoplasma através do uso de balança. PODEMOS CONCLUIR, PORTANTO, QUE O ECTOPLASMA É MATÉRIA!...PODEMOS? Este raciocínio nos leva a uma conclusão muito interessante: Parece haver alguma coisa que se comporta como se fosse uma matéria paralela à matéria que a química descreve. Em outras palavras, é como se houvesse outro conjunto de elementos químicos coexistente com os conhecidos ou previstos pela química. É como se fosse possível estabelecer, pelo menos, mais outra Classificação Periódica. O ECTOPLASMA É UM COMBINADO DE SUBSTÂNCIAS? Quando os espíritos desencarnados podem dispor dele em bastante quantidade, então o utilizam para a produção de fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, após combinarem-no com outras substâncias extraídas do reservatório oculto da natureza. COMO SE APRESENTA O ECTOPLASMA? O ectoplasma apresenta-se à visão dos desencarnados como uma massa de gelatina pegajosa, branquíssima e semilíquida, que se exsuda através de todos os poros do médium, mas em maior proporção pelas narinas, pela boca ou pelos ouvidos, pelas pontas dos dedos e ainda pelo tórax. O ectoplasma, à feição do magnetismo, é energia disseminada e presente em toda a natureza que, por lei evolutiva, é mais apurada no homem do que no mineral, vegetal ou animal. COMO É PRODUZIDO O ECTOPLASMA NO SER HUMANO? Deduzindo que os espíritos encarnados, em contato com a matéria, durante a encarnação, produzem o ectoplasma, podemos, a partir daí, tecer algumas considerações: a) Se admitimos a existência do ectoplasma nos minerais, nas plantas, nos animais, etc., podemos entender de que, um dos ingredientes que forma o ectoplasma é originário dos alimentos. b) Outro ingrediente provem do oxigênio que respiramos. c) Ainda há outro ingrediente que é produzido no interior das células do nosso corpo físico. O que ocorre é uma “transformação” desses ectoplasmas primários em ectoplasma humano. Podemos concluir que o ectoplasma encontra suas matérias primas nos fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular do nosso organismo físico. Agora, vem a questão, onde e quando ocorre o processo metabólico das reações químicas, físicas e biológicas entre os fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular que resultam no ectoplasma? ONDE SE FORMA O ECTOPLASMA NO SER HUMANO? É difícil de afirmar com certeza, onde se forma o ectoplasma no ser humano. A observação indica uma grande “movimentação fluídica” no abdome, na altura do umbigo. Considerando-se, a observação acima, alguns pesquisadores admitem que se forma ectoplasma no aparelho digestivo através do metabolismo dos alimentos no corpo humano. Outro lugar onde é comum se perceber que há uma quantidade grande de “movimentação fluídica” é no tórax. Para alguns estudiosos a produção de ectoplasma ocorre através da respiração (produzido no oxigênio). Como a “Ciência Acadêmica” admite que esse fluido se forma no interior das células, muitos estudiosos concluem que o ectoplasma se forme por todo o corpo, a nível celular, embora em quantidades e qualidades diferentes. O sangue pode carregar o ectoplasma até os pulmões, onde se libera para ser eliminado, da mesma forma que o carbono resultante do metabolismo. Entretanto, para os espíritos o ectoplasma trata-se de substância delicadíssima, que se produz entre o perispírito e o corpo físico e que serve de alavanca para interligar os planos físico e espiritual. Isto nos leva a deduzir que os fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular são carreados através dos chacras gástrico e esplênico e transformam-se em ectoplasma no interior do duplo etérico. Poderíamos chamar isso como uma espécie de “metabolismo do ectoplasma”. Vamos relembrar, não é o ectoplasma humano que exala do médium que é usado diretamente nas materializações ou nos fenômenos de efeitos físicos, é necessário combiná-lo com outros dois tipos de fluidos (espirituais e da natureza), para que obtenhamos o ectoplasma elaborado. FENÔMENOS EFEITOS FÍSICOS - DUPLO ETÉRICO O DUPLO ETÉRICO LIGA O ESPÍRITO AO CORPO FÍSICO Todo ser possui um “espírito”, que é o princípio inteligente do ser. Ele não tem forma determinada. Todo espírito é envolto num “corpo espiritual”, também conhecido com o nome de perispírito ou ‘corpo astral’. O corpo de carne de uma pessoa é “cópia” desse perispírito. No entanto, para promover a ligação entre os corpos de carne e o espiritual é necessário admitir-se a existência de outro corpo, que só os encarnados possuem, a esse corpo podemos chamar de duplo etérico. RELAÇÃO DUPLO ETÉRICO COM O ECTOPLASMA O espírito é imaterial, no entanto, não é possível fazer essa admissão para o corpo espiritual, se ele possui forma, é porque é feito de algum tipo de matéria. No entanto, não deve ser feito de ectoplasma, pois neste caso, os espíritos desencarnados não necessitariam dos encarnados para o obterem. Assim, o duplo etérico, que existe apenas nos encarnados deve estar relacionado com o ectoplasma. O DUPLO ETÉRICO SERIA FORMADO DE ECTOPLASMA? A hipótese mais provável é que o duplo etérico também seja constituído de uma espécie de matéria ectoplasmática. Deste modo, o ectoplasma acumulado pelas pessoas poderia ser aquele escretado pelo duplo etérico, isto é, aquele ectoplasma que não é necessário para sua constituição. ONDE SE SITUA O ECTOPLASMA? Segundo André Luiz, o ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo (duplo etérico), e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza. Este tipo de raciocínio indica, novamente, a existência de outra matéria, “paralela” à que conhecemos e o ectoplasma seria constituído por esta matéria. Esta matéria seria coexistente com a matéria conhecida, porém, de uma densidade muito menor. O DUPLO ETÉRICO SERIA O RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO ECTOPLASMA? Em geral, nos trabalhos de efeitos físicos, o duplo etérico, ao se afastar do médium à sua esquerda, à altura do baço, torna-se um ponto de apoio para os espíritos desencarnados operarem com mais eficiência no limiar entre os mundos físico e o espiritual. O duplo etérico é o responsável pela elaboração de ectoplasma e pela coordenação e transferência de fluidos nervosos do médium utilizados nos fenômenos de efeitos físicos. É o mediador plástico e também o catalisador de energias mediúnicas, aglutinando-as de modo a servirem, ao mesmo tempo, entre o mundo físico e o plano oculto. MATERIALIZAÇÕES PARCIAIS OU COMUNS Nos fenômenos de materialização completa o médium entra em transe cataléptico e o duplo etérico se separa do perispírito e nas materializações parciais não é necessário o médium entrar em transe cataléptico. Existem materializações que se apropriam somente do ectoplasma do médium, sem o envolvimento com o seu duplo etérico. Neste caso se conseguem materializações comuns ou parciais, porque não existe ectoplasma suficiente para a materialização completa, apenas é materializado alguma parte do Espírito, como mão ou pé. MATERIALIZAÇÕES COMPLETAS OU SUBLIMADAS Existem materializações de espíritos que se apropriam do ectoplasma do médium através do envolvimento direto com o duplo etérico do médium. Neste caso o médium sempre estará em estado cataléptico. As materializações são sublimadas ou completas, porque aparece todo o Espírito. Para as materializações completas, onde aparecerá todo o espírito materializado é necessário grande quantidade de ectoplasma, neste caso é utilizado o próprio duplo etérico do médium para revestir o espírito que irá se materializar. A matéria ectoplasmática é metabolizada no interior duplo etérico do médium, passando em seguida ao aparelho digestivo do corpo físico do médium através dos chacras esplênico e gástrico. Depois sobe saindo pela sua boca nariz e ouvidos, então o duplo etérico do médium começa a atrair o ectoplasma que vai se aglutinando ao seu redor, igual a imã quando atrai limalha de ferro. Este se aglutina em volta do duplo etérico do médium formando uma espécie de escafandro emborrachado. O espírito que irá se materializar penetra dentro do duplo etérico do médium ficam como que um dentro do outro, e o duplo etérico do médium se transfigura adquirindo a forma do Espírito materializado. ECTOPLASMA CONTAMINADO É DISSOLVIDO Acontece, às vezes, que os próprios técnicos e protetores do médium resolvem dissolver no meio do ambiente a porção fluídica que poderia enfermá-lo na sua reabsorção orgânica. Reduz-se assim a cota de líquidos orgânicos volatilizados e que se tornam nocivos a qualquer reaproveitamento, fazendo com que o médium, ao despertar sinta intensa sede e ingira certa quantidade de água para compensar a que é desperdiçada e que se faz necessária ao equilíbrio do seu corpo físico. CUIDADOS PARA NÃO CONTAMINAR O ECTOPLASMA Os trabalhos de efeitos físicos exigem um cuidadoso tratamento por parte dos espíritos operadores, pois o ectoplasma do médium é elemento fácil de ser contaminado pelos miasmas e certas tóxicos que invadem o ambiente devido à imprudência ou descaso de alguns frequentadores dos trabalhos mediúnicos. Essa matéria viva do próprio médium pode ser empregada para fins proveitosos quando, por sua vontade, este admite a intromissão dos espíritos amigos e benfeitores; no entanto, caso se trate de criatura desregrada, os espíritos inferiores e malévolos podem assenhorar-se dessa energia acionável pela vontade desencarnada, causando perturbações nos trabalhos de efeitos físicos, ou mesmo fora do ambiente mediúnico. LIVRO: Espírito, Perispírito e Alma - HERNANI GUIMARÃES ANDRADE E Nos Domínios da Mediunidade - ANDRÉ LUIZ. Entrevista dada por Frederico Ganem, engenheiro e conscienciólogo, a Ton Martins, no Programa "Ciência e Consciência" da TV Complexis. Tema: Ectoplasmia. Visite http://www.complexis.org

domingo, 3 de junho de 2012

Você já ouviu falar em Inteligência Espiritual? - Marcos C. Del Campo

A inteligência emocional é cada vez mais valorizada nos dias atuais. Mas você já ouviu falar em inteligência espiritual? Para psicólogos, teólogos e filósofos, é ela que proporciona paz interior e alegria. Em Fronteiras da inteligência, o rabino Nilton Bonder apresenta diversas histórias e parábolas que exemplificam o conhecimento vindo do chamado “reino dos céus”, mostrando algumas regras da lógica que rege esse saber. Ao ser convidado para dar palestras para grandes empresas do Brasil e do exterior, Bonder percebeu que, num mundo extremamente competitivo, ninguém pode se dar ao luxo de desprezar uma forma de inteligência. E a que vem da espiritualidade é preciosa, pois permite que as pessoas encontrem uma razão para as próprias vidas e aprendam a lidar com a dor, o fracasso e outros sentimentos que surgem em momentos difíceis. O autor nos mostra que os processos racionais de análise não são suficientes para compreender a realidade. É a partir da inteligência espiritual que conseguimos alcançar esse entendimento, aprendendo a enxergar além das certezas. Para que a inteligência espiritual seja ensinada, é necessário juntar reverência (aceitação) e independência (questionamento), além da vivência e da profundidade de cada um. De acordo com Nilton Bonder, o mundo do futuro irá buscar os intuitivos e os reverenciadores, que ganharão mais destaque no mercado de trabalho. Fronteiras da inteligência apresenta os sensos e as reverências, importantes instrumentos na trajetória de todo ser humano: contrassenso, senso de si, senso de propósito, de confiança, de passagem, de limite, de direção, de discernimento, de saída, de conciliação, de bondade, de autovalor, de ilusão, de servir, de oferenda, de revelação, de tolerância, de conexão, de medida, de prioridade, de recurso, de missão, de doença, de bênção e de salvação. Cada um deles é analisado em um capítulo próprio, utilizando uma linguagem clara e didática. Bonder faz questão de deixar claro que a inteligência espiritual nada tem a ver com religião. Trata-se de um senso tão profundo de propósito que é capaz de produzir, sob a ótica da racionalidade, o impossível e o milagroso. Afinal, a espiritualidade é a área da inteligência humana capaz de lidar com paradoxos e contradições. Nos dias atuais, "Fronteiras da inteligência" é um livro imprescindível, na medida em que nos ensina a alcançar o equilíbrio e o nível máximo de lucidez fundamentais para a nossa jornada. A inteligência espiritual é que dá ao ser humano a capacidade da transcendência.

Presença Indígena no Brasil - Era Pré-Cabralina

A pré-história ou história pré-cabralina do Brasil se refere a uma etapa da História do Brasil que se inicia com o primeiro povoamento do território atualmente compreendido pelas fronteiras do Estado Nacional brasileiro (iniciado, acredita-se hoje, há 60 mil anos), e termina no ano de 1500, canonicamente estabelecido como o “descobrimento do Brasil”. Existem diversos problemas relativos a essa periodização convencional e aos nomes com os quais ela opera. Em primeiro lugar, Pré-História é um termo combatido hoje em dia pelos acadêmicos, pois parte de uma noção eurocêntrica de mundo, na qual os povos sem escrita seriam povos sem história (o prefixo “pré” traduz a ideia de anterioridade, ou seja, a Pré-História seria o período “Anterior à História”). No Brasil, essa situação é ainda mais grave, uma vez que a História é normalmente vinculada à chegada do colonizador europeu, desta forma ignorando que os indígenas tivessem uma história própria. Por essa razão, costuma-se hoje denominar esse período da história brasileira como Pré-Cabralino. A ideia de descobrimento parte igualmente de resultado de perspectivas etnocêntricas, pois ignora que o território onde se instalaram os portugueses a partir do século XVI já havia sido descoberto e colonizado por numerosas e diversas etnias. Além disso, nem os americanos nem os portugueses de 1500 concebiam o “Brasil” da forma como o concebemos hoje, razão pela qual a nomenclatura antiga deveria ser evitada. A Pré-história tradicional geralmente se divide em: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico Mas, atualmente, a empregabilidade dessa periodização tem sido revista no mundo todo. No Brasil, alguns autores preferem trabalhar com as categorias geológicas de Pleistoceno e Holoceno. Nesse sentido, a periodização mais aceita se divide em: Pleistoceno(Caçadores e Coletores com pelo menos 12 mil anos) e Holoceno, sendo que este último pode ser denominado por Arcaico Antigo (12 mil a 9 mil anos atrás), Arcaico Médio (9 mil a 4.500 anos atrás) e Arcaico Recente (a partir de 4 mil anos atrás), normalmente relacionado à agricultura e ao desenvolvimento da cerâmica. O Estudo da história Brasileira antes de 1500 é feito, sobretudo, por meio da arqueologia, uma vez que os povos que ocuparam o território onde hoje se encontra o Brasil não possuíam, até onde sabemos, escrita. Estudos lingüísticos, etnológicos e históricos têm auxiliado as pesquisas arqueológicas na medida do possível. No entanto, poucos foram os autores que tentaram reconstruir essa história de forma panorâmica (e as tentativas dos arqueólogos de estabelecer uma visão geral da história Pré-Cabralina não se provaram satisfatórios). Para complicar mais a situação, ainda falta muito a ser feito em vários níveis de pesquisa – registros de línguas e comparações, análise de materiais escavados, relações entre sítios diversos da antiguidade e outros do período colonial, etc. O primeiro estudioso a se indagar sobre o passado brasileiro foi o dinamarquês Peter Wilhelm Lund. Este naturalista foi responsável pelo estudo de várias reminiscências de plantas antigas nas grutas da região de Lagoa Santa (Minas Gerais), onde se fixou, entre 1834 e 1880. Em suas buscas, chegou a encontrar ossos humanos misturados a esses vestígios pré-históricos, um dos primeiros achados que contradizia a teoria da criação bíblica. Foi o primeiro a defender a antiguidade do homem americano, baseado em achados arqueológicos, mas não conseguiu convencer a comunidade científica de sua época. Os sambaquis, montes de conchas e outros resíduos acumulados por ação humana, foram vestígios arqueológicos responsáveis por suscitar considerável debate científico no século XIX. O diretor do Museu Nacional – que junto do Museu Paulista representava o interesse oficial acerca dos fatos histórico-arqueológicos no Brasil –, Landislau Neto, enviou as primeiras expedições científicas para estas regiões. Após anos de pesquisas, essas missões alegaram que "montes de conchas" teriam formação antropogênica, isto é, origem humana. Hermann Von Ihering, contudo – o diretor do Museu Paulista – primeiramente se opôs a essa visão, dizendo que os restos de conchas teriam sido formados por fenômenos naturais e intertropicais. Entre 1880 e 1900 ocorreram as primeiras escavações na Amazônia. Descobertas extasiantes de cerâmicas marajoaras foram realizadas nesse período, e foram analisadas em 1882 pelo egiptólogo Paul l´Epine, que acreditava identificar na cerâmica indígena grafias egípcias e asiáticas. Emílio Goeldi também realizou, nesta época, pesquisas importantes no norte. O austríaco J.A. Padberg-Drenkpohl, contratado após a Primeira Guerra Mundial pelo Museu Nacional, foi outra figura importante da história da arqueologia brasileira, que escavou, entre 1926 e 1929, em Lagoa Santa. Seu objetivo era encontrar vestígios em Lagoa Santa que comprovassem os achados clássicos de Lund. Drenpohl, contudo, não foi bem sucedido em sua empresa, tendo passado a criticar os defensores da antiguidade do homem de Lagoa Santa. Em 1934, pouco depois da última expedição de Drenkpohl, Angione Costa publicou o primeiro manual de arqueologia brasileira. Depois de 1950 a arqueologia oficial se contraiu, enquanto aumentou o número de amadores que passaram a realizar pesquisas no país. Um desses foi Guilherme Tiburtius, imigrante alemão em Curitiba, que teria realizado uma das buscas mais importantes de antiguidades indígenas pelo Brasil, coletando artefatos para sua coleção (recebida pelo Museu do Sambaqui de Joinville). Estudou o litoral catarinense e o planalto paranaense, tendo sido auxiliado pela Universidade Federal do Paraná em suas pesquisas. Harold V. Walter, cônsul inglês em Belo Horizonte, foi responsável por buscas no Estado de Minas Gerais, na região de Lagoa Santa. A despeito de ter empregado uma metodologia pouco válida para os dias atuais, contribuiu muito para a coleta de informações sobre a era pleistocênica. Ainda nessa época, foram realizados esforços substanciais no sentido de se preservar o patrimônio histórico brasileiro. Graças ao esforço de diversos intelectuais, o Instituto de Pré-História da USP (atualmente integrado ao MAE) foi criado, enquanto, alguns anos mais tarde (1961), uma nova legislação sobre o patrimônio era promulgada. Acompanhando esse avanço na questão de preservação da memória brasileira, haviam sido realizadas escavações na foz do amazonas, por Clifford Evans e Betty J. Meggers entre 1949 e 1950, descobrindo importantes artefatos cerâmicos, e em São Paulo e no Paraná entre 1954 e 1956 por Joseph Emperaire e Annette Laming – onde foram feitas as primeiras datações carbono catorze. A história recente da arqueologia no Brasil inclui a criação da PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas) com o auxílio do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que teria como objetivo realizar buscas para fornecer uma panorama mais completo do passado histórico-cultural brasileiro. Enquanto isso, instituições como o Museu Nacional, o Museu Paulista e o instituto de Pré-História realizaram pesquisas isoladas, enquanto o Museu Emílio Goeldi se lançou num projeto chamado PRONAPABA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica). Vários estudos foram realizados desde então sobre os sambaquis, a pintura rupestre brasileira e a indústria lítica antiga. Em 1980 foi criada a primeira Sociedade de Arqueologia Brasileira. O ensino de arqueologia é hoje ministrado no Brasil, embora de forma limitada. Pleistoceno: 60 mil anos – 12 mil anos A.P. A ocupação do território americano é um tema que tem gerado controvérsias substanciais, sobretudo porque muitos arqueólogos ainda são reticentes em aceitar que o homem possa ter chegado à América por outras vias que não o estreito de Bering. Segundo a teoria tradicional, também conhecido como Teoria de Clóvis, o homem “pré-histórico” teria migrado da região atual da Mongólia para o Alasca atravessando a Ponte Terrestre de Bering. Não obstante, descobertas efetuadas em sítios arqueológicos brasileiros têm colocado em questão a validade desta teoria. No Piauí, por exemplo, foi encontrado um fóssil de Ancylostoma duodenale com a data de 7.750 anos A.P. De acordo com alguns arqueólogos, essa espécie não poderia ter sobrevivido à travessia na Beríngia, pois teria morrido com o frio. Assim, acreditam que a existência do fóssil indica a migração de povos oriundos de regiões quentes do globo. Achados em Minas Gerais e na Bahia foram datados entre 25 mil a 12 mil anos A.P. No sítio arqueológico Alice Böer, em São Paulo, foram encontradas peças com idade de 14.200 A.P. Em São Raimundo Nonato, no Piauí, os arqueólogos defendem a idade de 50 mil anos para um abrigo ocupado pelo homem “pré-histórico”. Ainda neste mesmo sítio, os arqueólogos conseguiram encontrar artefatos humanos que remontassem a mais de 48 mil anos A.P. As descobertas no Brasil polemizaram a visão tradicional da ocupação da América. Os arqueólogos passaram a defender outras teorias sobre as grandes migrações, entre elas, a de que o homem teria chegado à América entre cerca de 150 mil e 100 mil anos atrás, vindo por correntes Malásio-Polinésias (oriundas do sudeste asiático) ou australianas (oriundas do pacífico sul), enquanto outros autores ainda pensam numa corrente migratória originada na África. Contribuem para a definição dessas teorias as similaridades entre os vestígios materiais encontrados na América com aqueles encontrados na Oceania. De qualquer forma, pode-se admitir hoje de forma geral que o Brasil foi ocupado há 60 mil anos atrás, no que diz respeito ao Piauí. As correntes migratórias teriam atingido Minas Gerais há 30 mil anos e o Rio Grande do Sul, há 15 mil anos. Todo o país estava ocupado há 12 mil anos. Luzia é o nome do fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas. Encontrado pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire na década de 1970, em Lapa Vermelha, no sítio arqueológico de Lagoa Santa MG, o fóssil dessa mulher pré-histórica contribui para reacender um antigo debate em torno das origens do homem americano. De acordo com o paleoantropólogo Walter Neves, responsável por batizar o fóssil, a morfologia do crânio de Luzia a aproximaria dos atuais aborígenes da Austrália e nativos da África. Neves aventou a hipótese de que, portanto, a ocupação da América foi mais antiga do que até então se imaginava, embora não recuando muito no tempo (cerca de 14 mil anos antes do presente), e que foi realizada por povos de regiões distintas, como a Oceania e a África. Essa tese não foi muito bem recebida por alguns cientistas. De acordo com a National Geographic, além das raças não serem uma maneira científica de classificar seres humanos, as diferenciações entre os grupos humanos só surgiram após 9,5 mil anos. Os estudos realizados na região habitada por Luzia e outros paleoíndios demonstram que eles desconheciam a cerâmica e que sua indústria lítica era relativamente simples. Pesquisas recentes, contudo, afirmam que esses homens eram sedentários. Achados como enterros numerosos e uso de matérias-primas existentes apenas neste local reforçaram estas idéias. Uma análise das cáries nos dentes destes americanos demonstra que eles, embora não tivessem agricultura, se aproveitavam intensamente de recursos vegetais. Holoceno no centro, sul e nordeste do Brasil: 12 – 4 mil A.P. Os arqueólogos denominam por fase um complexo cultural onde os elementos são intimamente associados. Por tradição, os arqueólogos entendem as práticas e técnicas padrão dos antigos para a confecção, por exemplo, da indústria lítica e da pintura rupestre. Uma subtradição é uma divisão dentro da tradição, normalmente porque houve uma diferenciação do padrão original em dois ou mais padrões novos. No final do período pleistocênico a temperatura variou amplamente em fases de expansão e contração das geleiras. Acredita-se que as temperaturas eram mais frias no pleistoceno do que no holoceno, quando sofreram um aumento considerável. No começo do período arcaico médio, o nível do mar se encontrava 10 metros abaixo do atual. Muitas regiões do país, como o Piauí, por exemplo, eram muito mais úmidas do que o são hoje. Holoceno no Nordeste e Centro do Brasil A idade paleolítica brasileira é normalmente situada entre 12 mil e 4-2 mil anos antes do presente, quando do surgimento e difusão da prática agricultora na região. Antes disso, os homens viviam de caça, pesca e coleta, fato comprovado por achados arqueológicos e representações em pinturas pré-cabralinas. Nesta época, os arqueólogos constataram a existência de diferentes tipos de indústria lítica em diversas regiões do Brasil. No nordeste, vários sítios arqueológicos indicam o desenvolvimento da pedra lascada, contendo lesmas (artefato lítico em forma de lesma utilizado para raspar suportes de madeira), lascas, furadores e fogões para assar caça. A pintura rupestre era realizada nesses primeiros sítios. Na região nordeste, as técnicas de trabalho com o material lítico se tornam cada vez mais diversificadas e complexas com o passar do tempo. O número de fogões, por exemplo, aumenta conforme as datações se aproximam do ano 8 mil antes do presente. Fogueiras também são encontradas. As pinturas rupestres dessa região têm se revelado profundamente instigantes. Na Toca do baixão da Perna 1, por exemplo, (na área arqueológica de São Raimundo Nonato) foram encontradas pinturas rupestres que datam de 10.500 anos atrás. No sítio do boqueirão da Pedra Furada, inúmeras pinturas rupestres em pigmento vermelho foram encontradas. Os autores identificam a tradição de pintura desta área como tradição nordeste. Além da tradição nordeste, foram identificadas subtradições como a Várzea Grande (sudeste do Piauí) e a Seridó (Rio Grande do Norte). As figuras mais abundantes representam seres humanos, plantas e animais, mas também são encontrados grafismos puramente abstratos. Algumas paredes de caverna representam cenas de caça e celebrações rituais. De acordo com alguns arqueólogos, os temas de violência na pintura rupestre antiga estariam vinculados ao desenvolvimento técnico obtido nos anos subsequentes, responsável por promover estratégias de caça mais eficientes. A tradição nordeste se encerra há cerca de 5 mil. Na região central e nordeste, uma importante tradição cultural foi identificada pelos estudiosos: a tradição Itaparica (Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí). Essa tradição teria desenvolvido ferramentas líticas lascadas como lesmas, furadores e facas, mas poucas pontas de projéteis. Os povos dessas regiões teriam mudado sua forma de vida cerca de 6500 anos atrás, quando teriam passado a se alimentar de moluscos e frutos. No centro do país, uma tradição de pintura rupestre denominada Planalto teria se desenvolvido. Holoceno no Sul do Brasil As datas mais antigas no Sul são atribuídas à tradição Ibicuí (entre 13 mil e 8.500 anos), composta de artefatos simples, encontrados na Bacia do Uruguai. A fase Uruguai, que sucede a primeira cronologicamente, data de 11.555 a 8.640 anos A.P. e é composta por raspadores, facas bifaciais e pontas de projéteis. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram localizados artefatos (facas, raspadores, pontas de flecha foliáceas) de 8.500 a 6.500 anos atrás, estabelecidos como tradição Vinitu. A tradição Humaitá, mais recente (entre 6.500 e 2 mil anos atrás) se estende de São Paulo ao Rio Grande do Sul. Os homens dessa tradição produziram raspadores, furadores e, inclusive, zoólitos (estátuas de pedra assumindo formas animais). Outra tradição identificada no sul foi chamada de Umbu; esta teria sido responsável pela confeccção de fogões e pontas de projéteis. Holoceno no Litoral Os principais sítios arqueológicos do litoral são os sambaquis, montes de conchas de moluscos (com os quais se alimentavam as populações antigas) formados por ação humana. Normalmente são encontrados junto dos sambaquis esqueletos dos antigos americanos, peças líticas, restos de alimentos, etc. Grande parte dos sambaquis brasileiros se encontram cobertos pelo mar, devido às mudanças climáticas ocorridas durante o pleistoceno tardio e o holoceno. Os sambaquis existem em quase todo o litoral brasileiro. Na época de sua descoberta, no século XIX, foram comparados com estruturas semelhantes existentes na Escandinávia. Os sambaquis são associados à tradição Itaipu. Os povos que habitavam o litoral são normalmente definidos como pescadores semi-nômades. Arcaico Recente do Sul à região Nordeste (4 mil anos A.P. até 1500 d.C.) O aparecimento de plantas cultivadas em Minas Gerais data de 4 mil anos atrás. Em São Raimundo Nonato, a agricultura parece ter sido praticada desde a pelo menos 2.090 anos. Embora a cerâmica amazônica seja mais antiga que a agricultura, o mesmo fenômeno não ocorre no resto do país, onde a cerâmica mais antiga data de 3 mil anos atrás (na área de São Raimundo Nonato). Arqueólogos brasileiros consideram que o surgimento da cerâmica nas regiões em questão está ligado ao sedentarismo e à agricultura, uma vez que a cerâmica é de difícil transporte e, normalmente, teve a função de armazenar víveres. A tradição Taquara-Itaré é talvez a mais estudada tradição de cerâmica do país. Período Pré-Cerâmico (Amazônia): 12.000 – 3.000 a.C. As datações mais antigas da região amazônica atribuem aos primeiros habitantes da região datas como 12.500 a.C. É provável que o território já houvesse sido colonizado anteriormente, mas apenas o avanço da pesquisa na Amazônia poderá confirmar essa hipótese. Os arqueólogos identificam um desenvolvimento da técnica de lascar pedras, começando pelo lascamento por percussão e seguindo para o lascamento por pressão. As mudanças nas técnicas de lascamento são associadas a diferentes modalidades de caça, uma voltada para os animais de grande porte, e outra para os animais de pequeno porte. Nada, contudo, é certo sobre o estilo de caça dos antigos povos amazônicos. Os estudiosos acreditam que esses povos se alimentavam de moluscos (observação baseada na descoberta de sítios como os sambaquis), pequenos animais e frutos. Os sambaquis continuam sendo os principais sítios arqueológicos desse período na Amazônia. Novas pesquisas em Rondônia atribuem uma antiguidade muito maior à prática da agricultura na Amazônia. De acordo com o arqueólogo Eduardo Bespalez, a agricultura amazônica pode chegar a 8 mil anos, uma data próxima dos primeiros registros de agricultura no mundo. Além disso, o sítio arqueológico de Garbin reforça a tese de Ana Roosevelt de que a cerâmica não esteve associada, nas suas origens, à agricultura. Os arqueólogos brasileiros encontraram apenas indústria lítica associada à terra preta (principal indício da prática de agricultura na região). As novas descobertas podem jogar luz sobre os mistérios que envolvem desde o significado de sociedades complexas na Amazônia até as origens da Floresta Amazônica, possivelmente antropogênica. De acordo com o arqueólogo Marcos Pereira Magalhães, "A Cultura Neotropical Amazônica é o resultado de um acontecimento histórico regional de longa duração, derivada da Cultura Tropical desenvolvida por sociedades de caçadores-coletores integradas social, cultural e economicamente aos recursos da floresta tropical neotropical, com a qual interagiam objetiva e subjetivamente." Período Cerâmico Incipiente: 3 mil – 1 mil a.C. Durante essa época os povos amazônicos adotaram um estilo de vida similar ao estilo de vida adotado por muitas tribos do território atualmente. Assim, os indígenas teriam vivido em estado de relativa fixação, realizando a horticultura de raízes. Esses grupos desenvolveram a primeira cerâmica elaborada da América, com temas geométricos e zoomórficos, pinturas em tinta branca e vermelha. Os vasos assumiram formatos ovais e circulares. Os grupos de estilos cerâmicos mais conhecidos são chamados de Hachurado Zonado e Saldóide Barrancóide. O último é relacionado a incisões e pinturas em vermelho e branco, enquanto o primeiro à preferência pelo hachurado zonado. Cerâmicas do estilo Saldóide, encontradas no baixo e médio Orenoco, parecem terem sido criadas entre 2.800 a 800 a.C. Os estilos Hachurados Zonados de Tutoshcainyo e Ananatuba datam, respectivamente, de cerca de 2.000-800 a.C. e 1500-500 a.C. Muitos estudiosos admitiram que essa cerâmica tenha sido influenciado pelos complexos culturais andinos, embora hoje já se admita que os indígenas da Amazônia tenham desenvolvido essa cerâmica elaborada na própria região baixa, tendo provavelmente influenciado os Andes posteriormente. Essas sociedades praticavam, além da horticultura, caça e pesca. O consumo de mariscos foi reduzido, e esses povos passaram a se instalar nas várzeas e margens dos rios. Assadeiras de cerâmica grossa foram identificadas nesses territórios, de forma que alguns arqueólogos aventam a hipótese da presença da mandioca. Sítios desses complexos culturais foram encontrados na bacia do Ucayali, na ilha de Marajós, no Orenoco e no Amazonas. Cacicados Complexos da Amazônia: 1 mil a.C. – 1.500 d.C. O aumento demográfico das populações amazônicas na época da Pré-História tardia, combinado a outros fatores, suscitou grandes transformações entre as sociedades indígenas da Amazônia. Segundo arqueólogos, as sociedades que habitavam regiões da bacia amazônica passaram a se organizar de forma cada vez mais elaborada entre o ano 1mil a.C. e o ano 1 mil d.C. . Os arqueólogos definem estas sociedades como “cacicados complexos”. Essas sociedades tornaram-se cada vez mais hierarquizadas (provavelmente contendo nobres, "plebeus" e servos cativos), constituíram chefias centralizadas na figura do cacique, e adotaram posturas belicosas e expansionistas. O cacique, além de dominar amplos territórios, organizava continuamente seus guerreiros visando conquistar novos territórios. A cerâmica dessas sociedades era altamente elaborada, demonstrando um domínio de técnicas complexas de produção. Havia urnas funerárias elaboradas (associadas ao culto dos chefes mortos), comércio e os indícios arqueológicos apontam uma densidade demográfica de escala urbana nessas civilizações. Acredita-se que a monocultura era praticada, além da caça e da pesca intensivas, a produção intensiva de raízes e o armazenamento de alimentos. Segundo a pesquisadora Anna Roosevelt, "O desenvolvimento da agricultura intensiva nos tempos pré-históricos parece ter estado correlacionado à rápida expansão das populações das sociedades complexas. Sugestivamente, os deslocamentos e o despovoamento do período histórico aparentemente fizeram com que estas economias retornassem aos padrões de cultivo menos intensivo de raízes e à captura de animais (...)." Crônicas do início do período colonial são hoje empregadas na reconstrução das antigas civilizações brasileiras. Muitos cronistas estrangeiros descreveram elementos indígenas do período dos cacicados complexos. A dissolução dessas organizações sociais normalmente é relacionada à conquista, que teria abalado sua estrutura demográfica. A cerâmica produzida por estas civilizações é classificada em dois grupos principais: oHorizonte Policrômico e o Horizonte Inciso Ponteado. Entre os sítios arqueológicos que apresentaram vestígios agrupados sob o Horizonte Policrômico estão: os Marajoaras (foz do Amazonas) e o Guarita (Médio Amazonas), entre outros localizados fora da Amazônia brasileira. Entre os sítios arqueológicos associados ao Horizonte Inciso Ponteado encontram-se: Santarém (Baixo Amazonas) e Itacoatiara (Médio Amazonas). O primeiro horizonte é caracterizado pelas pinturas brancas, pretas e vermelhas, pelos temas geométricos e pelas incisões. O segundo horizonte é caracterizado pelas incisões profundas e pela técnica de ponteação. Acredita-se que o Horizonte Inciso Ponteado estivesse associado aos antepassados dos povos de língua Karib, enquanto o Horizonte Policrômico teria sido produzido pelos antepassados dos povos de línguaTupi. Os grandes sítios amazônicos da época dos cacicados complexos parecem ter tido regiões especializadas para o enterro, o culto, o trabalho e a guerra. A ocupação pré-histórica tardia do território era sedentarizada. A entrada do milho e de outras sementes na região, assim como sua popularização entre os americanos, data do primeiro milênio antes de Cristo. Kuhikugu (1.500 A.P. - 400 A.P.) Uma das civilizações amazônicas conhecidas por ter desenvolvido grandes cidades e vilas durante o período Pré-Colombiano foi a de Kuhikugu. O sítio arqueológico de Kuhikugu, descoberto pelo arqueólogo Michael Heckenberger, se localiza dentro do Parque Nacional do Xingu (região do alto Xingu), e provou ter sido um grande complexo urbano que pode ter abrigado até 50 mil habitantes. Construído provavelmente pelos antepassados dos atuais povos Kuikuro, o sítio abriga construções complexas como estradas, fortificações e trincheiras para proteção. Como a descoberta é recente, estudos sobre as formas de vida dessas populações ainda são necessários, embora os estudiosos acreditem que esse povo cultivava a mandioca. O desaparecimento dessa civilização, assim como de outras grandes civilizações amazônicas, é relacionado à entrada de doenças europeias no continente, responsáveis por dizimar as populações locais, por volta do ano 1500 de nossa era. As características naturais da Floresta Amazônica (mata densa etc.) explicariam porque os antigos europeus não travaram conhecimento com esta civilização brasileira. Monte de Teso dos Bichos (400 a.C. - 1300 d.C.) O Monte de Teso dos Bichos, localizado na Ilha de Marajós, é o local onde floresceu uma das mais elaboradas civilizações da Amazônia pré-cabralina, ocupando 2,5 hectares. Com uma população estimada em 500 mil pessoas, os habitantes dessa civilização pertenciam a uma sociedade de tuxauas, senhores da foz do Amazonas. Havia divisão do trabalho entre homens e mulheres, uma dieta rica em proteína animal e vegetal e refrescos fermentados (como o aluá). Uma das características marcantes das sociedades complexas da Ilha de Marajós são os "tesos", aterros artificias de grande porte construídos para a colocação de habitações, provavelmente visando evitar inundações. Os tesos marajoaras são considerados estruturas monumentais e, por esse motivo, são essenciais para a interpretação do passado marajoara. Em outubro de 2009, um grupo de geólogos alegou que os "tesos" poderiam ser construções naturais, hipótese que invalidaria parcialmente as interpretações acerca da existência de sociedades complexas na Amazônia. No entanto, arqueólogos de renome como André Prouss e Anna Curtenius Roosevelt, questionaram a competência da equipe de geológos e afirmaram que apenas arqueólogos possuem os instrumentos técnicos para verificar indícios de atividade humana. Principais Sítios arqueológicos do Brasil O sítio Alice Böer se localiza em Rio Claro, no Estado de São Paulo. Foi escavado por iniciativa da arqueólogos Maria Beltrão a serviço do Museu Nacional a partir de 1964. Os primeiros brasileiros da região parecem ser muito antigos e produziram artefatos como pontas de projéteis, raspadores e lesmas. Uma amostra de carvão deste sítio forneceu a data de 14200 anos. O sítio Ponta de Flecha foi escavado entre 1981 e 1982 por C. Barreto e E. Robrahn. Os achados do sítio – entre eles pontas de flecha e ossos – datam tanto da época pleistocênica quanto holocênica. Os ossos de animais encontrados foram marcados por instrumentos líticos humanos. A professora de antropologia da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Anna Roosevelt (bisneta do presidente norte-americano Theodore Roosevelt) coordenou, em 1996, uma equipe que pesquisou a caverna de Pedra Pintada, em Monte Alegre, Pará, na margem esquerda do Rio Amazonas, a poucos kms. do que é hoje Santarém. Os brasileiros pré-históricos daquela região sustentaram-se com uma economia estável e produziram uma cultura e tecnologias bastante superiores às de seus primos da América do Norte. Os paleoíndios moraram em cavernas confortáveis e protegidas, tinham uma dieta mais saudável e produziram cerâmicas, pinturas rupestres e pontas de flechas. Eles eram caçadores de pequenos animais e coletores de frutas. No auge de sua civilização, chegaram a abrigar cerca de 300 mil indivíduos. Foram encontradas pontas de lança e cacos de cerâmica datados de 6 mil a 10 mil anos. Os resultados concluíram que os paleoíndios (os primeiros habitantes das Américas) viveram na região amazônica de 11,2 a 10 mil anos atrás. São provas convincentes de que a ocupação humana na América se deu há mais de 20.000 anos. Ainda assim, as descobertas de Roosevelt ainda não refutaram totalmente a hipótese da chegada dos primeiros habitantes da América pelo Estreito de Bering. O movimento migratório teria ocorrido em levas sucessivas. As populações amazônicas, cujos sinais encontrou na caverna da Pedra Pintada, provavelmente migraram para o sul sem ter tido contato com os caçadores de mamutes americanos. O sítio arqueológico de Pedra Furada, localizado em São Raimundo Nonato, no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, foi encontrado na década de 60. Ele vem sendo estudado, desde os anos 70, por Niède Guidon, uma arqueóloga franco-brasileira. Os achados (pedras lascadas e vestígios de fogueiras) datam de aproximadamente 11 mil anos. Segundo a equipe, não é impossível que os achados possam ter até 48 mil anos. A tese de Guidon vai bem mais longe - cerca de 100 mil anos - e pressupõe que o homem não teria chegado à América vindo da Ásia por terra (via estreito de Bering como se acredita até hoje) e sim, pelo mar, já se utilizando de embarcações. Contudo, as descobertas de São Raimundo Nonato permanecem controversas e ainda não refutam totalmente a Teoria Clóvis. O sítio também abriga o Museu do Homem Americano. Painéis iluminados e auto explicativos contam a história da presença do homem na América com desenhos, mapas e textos. O espaço também guarda urnas funerárias em argila e réplicas de dois esqueletos humanos encontrados em cavernas da região. Um deles, uma índia de cerca de 30 anos de idade foi encontrado praticamente completo e data de 9,7 mil anos. Também na região foram encontrados desenhos na Toca do Boqueirão, também em Pedra Furada, que parecem representar uma cena de ataque dos terríveis felinos que já habitaram o continente. As concepções dos atuais índios que habitam a região nordeste do país, a exemplo dos cariris, apesar de bastante modificadas, ainda podem se constituir num elemento útil para decifrar tais representações com uma estratégia conjetural. Uma interpretação sobre os desenhos da figura humana desses povos revela uma surpreendente complexidade que pode muito bem corresponder a um mapa das sensações corporais e/ou uma concepção de corpo e espírito. Os encantados são descritos pelos cariris, em geral, como homens descomunais, ferozes e implacáveis, de feição rude e olhos esbugalhados, verdadeiramente assustadores, segundo o antropólogo Nascimento, que estudou em sua tese para Mestrado naUniversidade Federal da Bahia os rituais e identificação étnica dos índios do nordeste a partir das concepções de um grupo remanescente - os cariris de Mirandela, (Bahia) em 1994.ela foi fundida em raimundo nonato. No Brasil, além dos restos do Piauí, existe também um antiguíssimo conjunto achado na região de Lagoa Santa (Minas Gerais), possivelmente os representantes do antigo grupo lingüístico do país - Macro Jê -, cujos descendentes mais próximos hoje seriam os índios cariris e botocudos. A descoberta, em 1975, no mesmo local, de um fóssil humano de 11,5 mil anos, o mais antigo da América, apelidado de Luzia, colocou ainda mais dúvidas sobre a Teoria Clóvis, já que a pertence a uma mulher com nítidas características polinésias e negróides, indicando que deve ter havido alguma forma de povoamento vindo do Pacífico Sul ou da África. Luzia foi investigada pelo arqueólogo brasileiro Walter Alves Nevesno entorno do distrito federal em planaltina de goiás Período Pré-Cabralino Recente Enquanto a maior parte da pesquisa sobre o Brasil mais antigo analisava principalmente os vestígios materiais deixados por esses povos, o Brasil pré-cabralino recente costuma ser estudado através das línguas nativas. Com efeito, o estudo sobre as línguas nativas permite compreender inúmeros aspectos das culturas pré-cabralinas, além de seus parentescos históricos e de suas migrações. Quando os cronistas europeus descreveram os antigos povos brasileiros, utilizaram sobretudo denominações linguísticas e, graças ao trabalho missionário de alguns jesuítas, temos hoje conhecimento das antigas línguas brasilicas (que deram origem às línguas indígenas modernas). Resta-nos, contudo, a tarefa de associar os achados antigos aos povos recentes, que conhecemos principalmente a partir de grupos linguísticos. Um estudo desse tipo não foi realizado no Brasil ainda. Apenas um grupo pré-cabralino recente foi associado suficientemente aos achados antigos: os grupos da família linguística Tupi-Guarani. Estes, na época da chegada dos europeus, dominavam o atual litoral brasileiro, conhecido por "Pindorama". Outra fonte importante para a reconstrução da história recente dos povos pré-cabralinos é a mitologia indígena. Sabe-se hoje ser possível estabelecer relações entre os elementos dos mitos e acontecimentos que consideramos "históricos". As fontes mitológicas tem sido empregadas para estudar movimentos migratórios,as relações estabelecidas entre os povos brasileiros e, por exemplo, o Império Inca, etc. Quando os europeus passaram a ocupar a costa oriental da América do Sul, encontraram etnias vinculadas a quatro principais grupos linguísticos: os arauaque, os tupi-guaranis,os jêe os karib. Devemos tomar cuidado para não confundir grupo linguístico com grupos étnicos. Dentro de um mesmo grupo linguístico havia numerosas e diferentes unidades identitárias possuindo dialetos, práticas culturais e filosofias próprias. Nosso conhecimento dos povos indígenas por meio das crônicas europeias é limitado por diversas razões. A primeira delas, é que a imagem europeia sobre os povos pré-cabralinos foi marcada por um processo de enquadramento da América em categorias europeias, de forma que as crônicas nos fornecem informações mais valiosas para o estudo dos próprios europeus modernos do que para o estudo dos nativos. A segunda delas, é que as crônicas foram escritas numa época de transformação, uma vez que a entrada dos europeus trouxe doenças e influências novas para o mundo indígena, modificando consideravelmente a antiga realidade em que viviam. Por fim, as crônicas acompanham o avanço da "fronteira" europeia na América, de forma que grande parte dos povos indígenas só chegaram a ser conhecidos pelos ocidentais no século XIX, após terem modificado muitos de seus costumes; é interessante notar que muitas tribos indígenas no Brasil continuam isoladas do mundo ocidental até hoje. Um dos grandes grupos linguísticos do Brasil, e que parece ter se expandido imensamente sobre o território brasileiro antes de 1.500 é o grupo Macro-Tupi. A principal família linguística dentro desse grupo maior é a Tupi-Guarani. Esses povos devem ter primeiramente habitado a região das cabeceiras dos rios Madeira,Tapajós e Xingu. A expansão Tupi-Guarani aconteceu há 3 mil e 2 mil anos, pouco depois desse grupo ter se diferenciado de outros na região entre o Xingu e o Madeira, formando novos subgrupos linguísticos, como os Kokama, Omágua, Guaiakie Xirinó. Os povos de língua Kokama e Omágua dirigiram-se ao rio amazonas, enquanto os Guaiaki chegaram ao Paraguai e os Xirinó à Bolívia. Tapirapés e Teneteharas se deslocaram em diração ao nordeste. Os povos de língua Pauserna, Kajabi e Kamayurá se deslocaram até a região extremo sul do Brasil. Os povos de língua Oyampi chegaram até a região das Guianas. A última fase de dispersão dos povos Tupi-Guarani ocorreu por volta do ano 1000. Os falantes de línguas associadas ao "Tupi-Guarani" estariam já instalados no sul do Brasil (Guaranis,etc.), na bacia amazônica e também no litoral do pais (potiguaras, tupinambás, tupiniquins). Os dados linguísticos nos permitem avaliar essas sociedades como expansivas e em constante movimento. Graças a uma impressionante rede de caminhos fluviais, os povos desse grupo linguístico puderam se difundir e, ao mesmo tempo, manter contato uns com os outros. O uso de canoas (ygara em tupi antigo) para navegar rios permitia o enviamento de missões militares e diplomáticas de uma região para outra. Muitos artefatos arqueológicos do período cerâmico são filiados a esses antigos povos de matriz linguística Tupi-Guarani. Os sítios arqueológicos associados a essas populações constituíam-se em aldeias extensas, normalmente localizadas em regiões de planalto ou em terraços. Nesses sítios arqueológicos, de largura média entre 2 mil e 10 milm², a cerâmica antiga é abundante. As unidades habitacionais são cabanas, que podiam alcançar até 60 m² de diâmetro. Dentro dessas cabanas foram localizadas fogueiras e fornos para cozimento. As áreas dos sítios são definidas em espaço cerimonial, público e residencial. O espaço dos vivos é separado daquele dos mortos (muitos cemitérios antigos foram localizados). A arqueologia identificou sepultamentos em urnas e outros em terra. Artefatos líticos são encontrados junto dos sepultamentos, provavelmente objetos de uso pessoal. A cerâmica Tupi-Guarani (particularmente abundante no Paraná) é caracterizada pelos desenhos policrômicos de traços lineares. A cronologia para a História dos povos Tupi-Guarani se baseia em teorias arqueológicas, na glotocronologia e na datação de cerâmicas identificadas aos tupi-guaranis. Como vimos pela história dos Tupi-Guarani a partir de suas línguas, o movimento de expansão ocorreu entre 3 mil 2 mil anos atrás a partir da região amazônica; a maior parte dos artefatos arqueológicos desses povos são datados entre o ano 500 e o ano 1.500. A extensão para o litoral é constatada pela maior concentração de artefatos nessa região entre os séculos XI e XIII. As línguas associadas à matriz linguística Macro-Jê devem ter sofrido diferenciação por volta de 6 mil anos atrás. Sua expansão inicia-se há 3 mil anos, pela Região Centro-Oeste do Brasil. O grupo Jê propriamente dito é possivelmente originário das regiões das nascentes dos rios São Francisco e Araguaia. Grande parte dos povos de língua Jê se afastaram dos Kaingang e Xokleng, seguindo para o sul da região central brasileira. Alguns grupos devem ter se separado destes últimos e seguido até a região amazônica há pelo menos mil anos atrás. Os povos Jês preferiam se instalar em regiões de Planalto (como a original região do Planalto brasileiro), como nos permite constatar o estudo de suas línguas Entre as línguas do tronco Macro-Jê encontram-se: Kayapós, Xerentes, Timbiras, etc. Os povos de língua Karib também passaram por um processo de expansão há 3 mil anos, aproximadamente. Essa família linguística é talvez originária da atual região das guianas e do extremo norte do Brasil. Os Yukpa e os Karijona, remificações dessa família linguística, teriam se diferenciado e migrado para a Colômbia, enquanto os Bakairi teriam seguido para o centro do Brasil. O empréstimo de termos Tupi nas línguas Karib (e vice-versa) aponta para a existência de redes complexas de comércio e tráfico de pessoas entre tais povos. As línguas de matriz Arawak concentram-se hoje na região sudoeste da Bacia amazônica. A principal família linguística associada a esse grupo é a Maipure, dividida em quatro subgrupos regionais. Existe grande polêmica em relação às origens, às migrações e aos descendentes desses povos, além de suas relações com outros grupos linguísticos do Brasil Antigo. Outros grupos linguísticos menores, sem parentescos com os outros maiores, existem no Brasil: Mura, Chapkura, Pano, Yanomani, etc. Distribuição dos grupos de língua tupi e não tupi (tapuia) na costa de Pindorama, no século XVI. Na véspera da chegada dos europeus à América em 1.500, calcula-se que o atual território do Brasil (a costa oriental da América do Sul) fosse habitado por dois milhões de indígenas, do norte ao sul. Segundo Luís da Câmara Cascudo, os tupis foram o primeiro agrupamento "indígena que teve contacto com o colonizador”. A influência tupi se deu na alimentação, no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições, costumes, folclore, etc. Os povos do grupo Tupi-Guarani habitavam a região chamada por eles de "Pindorama" (terra das palmeiras), atual região oriental da América do Sul, que habitava o imaginário Tupi-Guarani como terra mítica, uma terra livre dos males. Os arqueólogos acreditam que o mito acerca de "Pindorama" tenha se formado na época das antigas migrações, quando os Tupi-Guaranis se dirigiram para o litoral brasileiro. Sabemos os nomes de alguns dos principais grupos que habitavam Pindorama na véspera da chegada europeia (entre eles alguns de origens não-tupi): os potiguaras, os tremembés, os tabajaras, os caetés, os tupiniquins, os tupinambás, os aimorés, os goitacás, os tamoios, os carijós e os temiminós. Os potiguaras habitavam a região entre o Rio Acaraú e o Rio Paraíba e controlavam a navegação fluvial. Durante a conquista, aliaram-se aos franceses, sendo que alguns relatos falam de casamentos entre potiguaras e franceses, envolvendo acordos bélicos anti-portugueses. Os Tabajaras habitavam a margem meridional do rio Paraíba, na região atual do litoral pernambucano. Foram importantes aliados dos portugueses durante a conquista. Os Caetés habitavam a região de Pernambuco desde Olinda, "a Marim dos Caetés", até onde encontra-se hoje o estado de Alagoas, desmembrado de Pernambuco. Tornaram-se célebres na História do Brasil por terem devorado o Bispo Sardinha. Os Tremembés habitavam a margem ocidental do rio Acaraú. Os tamoios habitavam a Baía da Guanabara; seus líderes, Cunhambebe e Aimberê, aliaram-se com os franceses no combate aos portugueses. Os carijós habitavam o litoral sul do país. Os tupiniquins habitavam a atual região do Estado de São Paulo, e os Tupinambá a região sudeste do Brasil. Nosso conhecimento do tupi antigo é principalmente baseado na língua dos Tupinambás (embora esses não constituíssem os "principais tupis", como alguns autores apontam). Os povos tupis viviam em aldeias que reuniam de 600 a 700 habitantes. Algumas aldeias eram fortificadas em razão das guerras inter-tribais. Nenhuma autoridade aparecia com força absoluta ou consideravelmente forte sobre os outros integrantes da sociedade, embora houvesse "hierarquias" em função do gênero, do mérito guerreiro e dos poderes xamânicos. Os Pajés (Payes em tupi antigo, intermediários entre o mundo religioso e o mundo dos homens) e os Caciques (morubixaba em tupi antigo, chefes guerreiros) ocupavam, em geral, o papel de autoridades das tribos. A subsistência baseava-se na caça e na horticultura. Os homens acreditavam nos bons e nos maus espíritos (tupã, anhang, etc.), que influenciavam os acontecimentos no cosmos. Cada homem trazia um maracá, no qual acreditavam habitar um espírito protetor de cada indivíduo. Acredita-se que apenas os filhos dos homens mais importantes da tribo fossem enterrados nas urnas funerárias. Os acontecimentos religiosos tinham alcance amplo, e reuniam diferentes etnias. Os antigos indígenas foram responsáveis por inúmeras manifestações artísticas, como peças de cerâmica, danças, canções/poesia (registradas por Léry) e, a que mais impressionou os ocidentais, a plumária extremamente sofisticada e rica. A Literatura Tupi aparece com a chegada da escrita europeia, quando missionários passam a escrever em tupi para converter os nativos, e as crônicas transcrevem canções indígenas. A permanência de nomes tupis (tupi antigo, nhe'enga tupi ou língua geral) para nomear diversas regiões do Brasil atual é um indicador da influência da língua indígena na cultura brasileira. Os historiadores de Brasil Colonial concordam que até o século XVIII o tupi era provavelmente a língua mais falada em algumas regiões da América Portuguesa. Nomes de regiões, rios e cidades brasileiras tem suas raízes no período de Pindorama, e no período colonial. Alguns exemplos: Guaratinquetá = gûyrá-tinga-etá = Muitas Garças Jacareí = îakaré 'y = Rio dos Jacarés Piraguá = Pira Kûá = Baía dos Peixes Araraquara = Arara Kûara = Toca das Araras Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre Portugal e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo ainda por descobrir. Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas(1494) é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no período em que o Brasil foi colônia portuguesa. Estabeleciam suas cláusulas que as terras a leste de um meridiano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam posse dos reis de Castela (atualmente Espanha). No atual território do Brasil, a linha atravessava de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa Catarina. Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era "a cláusula do testamento de Eva" que dividia o planeta entre os reis de Portugal e Espanha e o excluía da partilha. Bibliografia Bones, Discovering the First Americans, por Elaine Dewar, Carroll & Graf Publishers, New York, 2002, hardcover - ISBN 0-7867-0979-0 História do Brasil por Claudio Vicentini - ISBN 8526232029 FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo. Ed. Ática. 2006.